O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros da economia, a Selic, para 15% ao ano, com um aumento de 0,25 ponto percentual. A medida reforça que a prioridade da autoridade monetária continua sendo o controle da inflação, mesmo diante dos efeitos negativos sobre o consumo, o crédito e o crescimento econômico.
Até então, o mercado financeiro estava dividido quanto à condução da política monetária: parte dos analistas apostava em um novo aumento de 0,25 ponto percentual, enquanto outra parte esperava o encerramento do ciclo de alta. Esta foi a sétima elevação consecutiva da Selic.
Para o economista e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Gabrielito Menezes, um dos fatores decisivos para o novo aumento é que, apesar de uma leve desaceleração, a inflação ainda se mantém acima da meta. “A projeção do IPCA para 2025 é de 5,44%, enquanto a meta está entre 3% e 4,5%. Além disso, a inflação dos serviços segue pressionada, com alta de 8% ao ano”, explica.
Já o economista e também professor da UFPel, Marcelo Passos, destaca que a elevação de 0,25 ponto percentual contribui para o combate à inflação, mas ao custo de restringir o crescimento. “Mesmo com a Selic elevada, o crescimento do PIB está favorável. Devemos crescer entre 2,5% e 3% em 2025, o que é um avanço interessante”, avalia. No entanto, segundo Passos, o PIB poderia ser maior caso os juros fossem mais baixos.
Série de aumentos
O aumento para 15% — o maior nível desde maio de 2006 — dá continuidade ao ciclo de aperto monetário iniciado há nove meses. Após permanecer entre 10,5% e 13,25% ao ano entre junho e agosto de 2024, a Selic voltou a subir em setembro daquele ano.
Em janeiro e março de 2025, o Copom elevou a taxa em 1 ponto percentual a cada reunião, passando de 13,25% para 14,25%. Em maio, houve novo ajuste, desta vez de 0,5 ponto, levando a taxa para 14,75%, até o atual nível de 15%.
Projeções para 2025/2026
Segundo projeções do mercado, a expectativa é que a Selic permaneça em 15% até o fim de 2025. Gabrielito Menezes aponta que, conforme a inflação se aproxime da meta de 3%, a taxa de juros poderá começar a cair. O mercado projeta 12,5% em 2026 e 10% em 2028.
Para Menezes, a elevação da Selic indica que a inflação ainda é motivo de preocupação, tornando empréstimos mais caros e reduzindo o consumo — principalmente de itens como imóveis, veículos e eletrônicos. “No curto prazo, isso ajuda a conter a inflação, mas pode pesar sobre o crescimento. Os setores mais dependentes de crédito serão os mais afetados, enquanto os investimentos em renda fixa seguem atraentes”, analisa.
O que é a Selic?
A Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela influencia diretamente todas as outras taxas praticadas no mercado — como as de crédito, financiamento e investimentos — e é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle.
