A Catedral Metropolitana São Francisco de Paula deu mais um passo em seu processo de restauração: celebrou a primeira missa no espaço que teve metade do assoalho renovado. A cerimônia marca a transição dos ritos para o lado direito da igreja, já com o piso restaurado, liberando a zona oposta para a próxima fase da obra.
Coordenada pela arquiteta Simone Neutzling, a restauração do piso segue um trabalho de investigação histórica e técnica para manter a autenticidade da construção, um dos marcos do patrimônio pelotense. Para ela, com esse trabalho complexo já executado, a nova etapa da obra tende a ocorrer de maneira mais ágil.
O assoalho da catedral é dividido em quatro grandes áreas, chamadas de quadrantes. Eles são atravessados por um eixo em forma de cruz, que vai da entrada principal até o altar. As tábuas dessa cruz têm um desenho diferente, conhecido como paginação, e foi cuidadosamente identificado e registrado no projeto para que pudesse ser reconstruído com fidelidade.
A restauração envolve desmontar toda a estrutura, retirar as tábuas e a parte onde se apoia a madeira, fazer um novo contrapiso com impermeabilização e reinstalar os elementos com acabamento em resina protetora. Esse processo garante não apenas a estabilidade do piso, mas a preservação da autenticidade da Catedral.
Preservação da memória
Simone destaca que o processo de restauração exige investigação histórica e mão de obra especializada, pois o objetivo não é apenas reformar, mas preservar a identidade e a história do local. “Se fosse uma reforma comum, tudo seria arrancado e substituído.
Mas aqui, cada detalhe conta para manter viva a memória do lugar”, explica.
Júlio César da Silva, empreiteiro e responsável pela execução da obra, acompanha de perto cada etapa da restauração do assoalho da catedral.
Para ele, colocar a mão na massa e saber fazer o trabalho com delicadeza é essencial. “Gosto de fazer com calma, com capricho. É para durar, como o piso antigo que resistiu por quase cem anos”, diz.
Passado continua nos detalhes
Conforme a arquiteta, o planejamento é fundamental em projetos de restauração, pois garante a preservação dos processos originais. Um exemplo simbólico disso é o pequeno quadrado central no piso, ponto de partida do projeto, mantido exatamente como estava.
Outra marca importante é a do antigo altar, deslocado durante uma reforma entre as décadas de 1930 e 1950. A posição original foi mantida como sinalização no piso restaurado, respeitando a memória da transformação do espaço ao longo do tempo.
Nova etapa
Para o pároco da catedral, padre Wilson Fernandes, a conclusão de parte da renovação do piso marca uma nova etapa na restauração da igreja e exige adaptações no dia a dia da paróquia. “Com a graça de Deus, estamos começando a usar a parte já concluída do assoalho, o que permite dar continuidade à obra”, afirma o padre.
Outras melhorias
Além do piso, o projeto prevê a restauração da nave lateral norte da cobertura da catedral, para eliminar infiltrações. Também será atualizado o diagnóstico do restauro iniciado em 2009, com revisão das etapas já realizadas e identificação de novas necessidades.
Além disso, será implantado um plano de acessibilidade para o salão paroquial, incluindo recepção, banheiros adaptados e plataforma elevatória.