Os pelotenses seguiam os principais nomes das arte através dos jornais, revistas e rádios, pelos meios de comunicação sabiam quem estava fazendo sucesso no Brasil e fora dele. Um dos nomes mais prestigiados do canto lírico, a carioca Bidu Sayão era um desses ídolos que seguidamente tinham notícias publicadas a seu respeito, aguçando a curiosidade em torno da diva. A seção Música do jornal Opinião Pública, de 15 de julho, de 1924, trazia mais uma pincelada sobre o sucesso da cantora.
Em Bidu Sayão triunfa em Paris, a matéria destacava uma apresentação na Salle des Agriculteurs como muito esperada e badalada pela imprensa francesa por dias. “Havia grande curiosidade do público em ouvir a festejada soprano brasileira, que alcançou ha pouco na côrte da Rumânia, esplêndido sucesso. Viam-se no auditório diplomatas, representantes dos países norte e sul-americanos“, reproduzia o jornal local a notícia que vinha do Rio de Janeiro.
Pois alguns afortunados pelotenses ou moradores da região tiveram o privilégio de ouvir presencialmente a famosa Bidu Sayão numa única apresentação em 1937, no Teatro Sete de Abril. “O ‘rouxinol brasileiro’ – apelido cunhado pelo escritor Mário de Andrade – foi homenageado pela Associação Riograndense de Imprensa (ARI) com uma placa de bronze no saguão do Teatro“, descreve o jornalista Klécio Santos no livro Sete de Abril – O teatro do imperador (Libretos, 2012).
A passagem da figura mais expoente do canto lírico nacional pelo teatro pelotense dá a dimensão da força cultural local e do prestígio desse espaço. Tombado como patrimônio nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Sete de Abril está fechado há mais de uma década para espetáculos.
Neste final de semana o prédio esteve aberto à visitação pública. Visitantes que tiveram a oportunidade de ver a beleza e a singularidade desse que foi dos mais cultuados por gerações de artistas e que agora aguarda seu retorno triunfal “templo cênico” de Pelotas.
Fontes: jornal Opinião Pública/Acervo da Bibliotheca Pública Pelotense; Sete de Abril – O teatro do imperador (Libretos, 2012), de Klécio Santos