“A destilaria veio para suprir uma demanda que existia há bastante tempo”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Sexta-Feira20 de Setembro de 2024

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“A destilaria veio para suprir uma demanda que existia há bastante tempo”

Expositor da 30ª Fenadoce, o produtor rural Mateus Ribeiro Camargo, proprietário da Destilaria Alto da Cruz, localizada no 5º Distrito de Canguçu, fala um pouco sobre a retomada da produção de cana de açúcar na região, a partir de estudos de viabilidade da Embrapa Clima Temperado

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“A destilaria veio para suprir uma demanda que existia há bastante tempo”
Mateus Ribeiro Camargo investe na destilaria há pouco mais de um ano (Foto: Jô Folha)

Como surgiu a Destilaria Alto da Cruz?

A destilaria veio para suprir uma demanda que existia há bastante tempo. Mas lá no 5º Distrito já se produzia cachaça há uns 150 anos. A gente sabe que em 1911 a cachaça de Canguçu recebeu medalha de bronze em Roma, mas a gente não tem esse registro aqui, ficou por lá, mesmo Canguçu não fazendo parte do zoneamento. Existe um zoneamento geográfico com indicação para cultivo de cana e Canguçu não faz parte. Mas, assim como para o azeite, a gente tem terroir na Serra dos Tapes, o município também tem um terroir muito produtivo para a cana de açúcar.

Quando vocês começaram a produzir cachaça na Zona Sul?

Faz um ano e três meses que a gente tem a agroindústria registrada para poder vender em todo o território nacional. Mas antigamente, em 1911 eram oito famílias que produziam cachaça lá, com o passar do tempo, as gerações foram trocando, e acabou a produção de cachaça no 5º. Aí ficou 20 anos sem ninguém produzir. Sou natural de Canguçu, morei em Pelotas, trabalhei na UFPel (Universidade Federal de Pelotas). Aí fui para Santa Catarina, morei 14 anos e faz dois anos que voltei para Canguçu para fazer cachaça, que ficou todos esses anos sem produzir, aproveitando uma demanda. Lá (em Santa Catarina) eu e minha esposa moravamos de frente pro mar, agora moramos de frente pra uma lavoura de cana. 

A lavoura de cana da propriedade já existia ou vocês começaram o plantio a partir desse experimento da Embrapa?

A gente recomeçou. Todas as nossas canas são credenciadas e homologadas pela Embrapa. A gente não trabalha com cana crioula, como se diz, todas elas são varietais.

Esse é o primeiro experimento da Embrapa?

A Embrapa tem pesquisa há muito tempo nessa área. O pesquisador da Clima Temperado, aqui em Pelotas, é o Sérgio Delmar dos Anjos. Agora ele está com um experimento que começou em nível nacional e no Rio Grande do Sul a Unidade de Pesquisa é lá na nossa propriedade. 

Quantos hectares de cana de açúcar vocês têm plantados?

A gente tem três hectares e meio plantados, mas com produtividade bem acima de 100 toneladas por hectare. A gente vende cana para todo o território gaúcho e já mandou mudas de cana para mais de 20 cidades no Estado.

Em quanto tempo esse tipo de plantação começa a produzir?

A cana tem normalmente  um ciclo de 12 meses. Tem gente que deixa um pouco mais, mas a gente já viu produzir, têm também estudos realizados na própria Embrapa, a melhor produtividade dela é colhendo a cada 12 meses. É uma cultura semiperene, tu corta, ela brota e nasce de novo. Então a gente já está trabalhando com em torno de 10 anos de longevidade de uma variedade.

Quanto a destilaria produz de cachaça?

Produz em torno de oito a nove mil litros. Para quem está começando é bom. Se for comparar com a região metropolitana de Porto Alegre e as destilarias que existem lá, ainda somos pequenos.

Mesmo com pouco tempo de produção, o produto de vocês recebeu destaque na Expointer?

A cachaça Acanguaçu foi segundo lugar no 11º Concurso de Produtos da Agroindústria Familiar na Expointer 2023, na categoria Cachaça Prata.

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