Por Cíntia Piegas
Há 120 anos
Em junho de 1905, o delegado de higiene de Pelotas, doutor José Calero, escreveu um artigo no jornal Opinião Pública no qual criticava a quantidade de resíduos orgânicos despejados no canal São Gonçalo durante os cinco meses da safra do charque. A manifestação foi por causa dos inúmeros casos de febre typhoide registrados na cidade. Para dimensionar o problema, o médico associou o tamanho do canal, com largura mínima de 260 metros e profundidade máxima de 10 metros, ao volume de impurezas que recebia diariamente do canal Santa Bárbara, das oito charqueadas e dos habitantes da cidade, transportadas pelas carroças aos asseios (limpeza) públicos e projetadas pelo trapiche da Valladares.
“É bastante considerável a quantidade de matéria orgânica lançada em seu seio”, denunciava. Só nos meses de safra do charque, os dejetos representavam sangue, pulmões e fígados de cerca de 103 mil reses, além dos resíduos das graxeiras, das águas das lavagens dos utensílios e das águas provenientes dos asseios (limpeza) dos estabelecimentos. Pelo cálculo do médico, eram em média 675.820 quilos mensalmente e 2.879 mil quilos em cinco meses de matéria orgânica. Ele destacou, na época, que embora a água do São Gonçalo não fosse potável, foi considerada “insuspeita” pelo volume de dejetos despejados.

Na safra do charque eram quase três mil quilos de matéria orgânica. (Foto: Reprodução)
O delegado havia descoberto que próximo à charqueada Valladares tinha uma velha e abandonada cacimba na prainha, que muitas lavadeiras exerciam a profissão próximo ao local e um doente havia usado roupas lavadas nas águas do São Gonçalo. “Algumas charqueadas próximas, quando esgotam seus depósitos de águas pluviais, e o São Gonçalo está salgado, como acontece atualmente (1905), fornecem-se desta cacimba. Ora, os casos de febre typhica assinalados manifestaram-se nessas xarqueadas, que utilizam de tal água. Daí pressupor que essa água esteja infeccionada”, dizia o artigo.
A medida adotada pelo doutor foi desinfectar com abundante porção de cal e entulhar a cacimba. Nas charqueadas, o delegado mandou desinfectar o vasilhame usado para a condução da água, bem como lavar os referidos depósitos. Atualmente, o Sanep acredita que nenhum resíduo orgânico é depositado no canal.
Fonte: Opinião Pública / Acervo Bibliotheca Pública Pelotense
Há 36 anos
Movimentação do terminal ferroviário é destaque em Pelotas
Em junho de 1989, o jornal Diário Popular destacou o desempenho do Terminal Ferroviário de Pelotas, que havia ocupado o primeiro lugar no interior do Estado quanto ao volume de cargas transportadas. Segundo os dados estatísticos da Superintendência Estadual da Rede Ferroviária Federal repassados ao agente local, Jorge Iguassu, só foi superado pela movimentação da Grande Porto Alegre.
Ao todo, 1.524 vagões foram carregados de Pelotas, principalmente com soja e farelo de soja, para o Porto de Rio Grande e com arroz para São Paulo, o que representou 14% da frota no Rio Grande do Sul. Em volume de cargas, foram movimentadas 64 mil toneladas, perfazendo 12% do montante no Estado.
Há 36 anos, a rede ferroviária era um elemento importante da vida local, com a Estação Férrea sendo um marco visível da evolução da cidade. A ferrovia desempenhava um papel relevante para o desenvolvimento econômico e social da região. Em 1989, a ferrovia ligava Pelotas a Santa Maria, mas oito anos depois ocorreu a desestatização da RFFSA, incluindo a privatização do trecho.