Há 50 anos
Preocupado com o estado do casarão número 2 da praça Coronel Pedro Osório, o prefeito, Ary Alcântara, resolveu apelar para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pedindo que fossem tomadas providências que evitassem a demolição do palacete. Na época o imóvel estava um pouco descaracterizado pela instalação de placas de estabelecimentos comerciais.
Além de se dirigir ao diretor de Patrimônio Histórico, Renato Soeira, o prefeito enviou correspondência, abordando o risco de se perder esse casarão histórico, ao ministro da Educação e Cultura, Nei Braga. Há meses havia um anúncio no andar superior dando conta da transformação do prédio em sede da Aplub, em Pelotas.
Alertado pelo fato, o professor Henrique Moraes, em contato com a direção da Aplub, tentou um acordo que preservasse o antigo casarão e abrigasse o Museu Histórico do município, que naquela ocasião estava instalado na Bibliotheca Pública Pelotense. “Os donos do prédio propuseram uma troca, que não poderíamos aceitar: ficaríamos com o palacete, mas teríamos que ceder 300 mil cruzeiros ou 400 mil cruzeiros na forma de pinturas e obras de arte”, contou o professor.
Ao lado dos casarões 6 e 8, o número 2 chegava até a Gonçalves Chaves. Destes a casa número 6 era a que estava em melhores condições. Tanto o 8 quanto o 2 tinham sido despojados de muitas das estátuas que adornavam as suas fachadas e jardins, segundo foi divulgado na época.
Para saber
O Casarão foi tombado dois anos depois, em 1977, mas ainda na década de 1970 corria risco de desaparecer devido ao estado precário que se encontrava. Em 1979, o pintor e restaurador pelotense Adail Bento Costa liderou uma campanha de restauro do prédio, que sonhava com a transformação em um museu de arte.
Costa conseguiu apoio do Iphan e deu início a reabilitação do prédio, mas o restauro completo só ocorreu entre 2000 e 2005, com o programa Monumenta.
Fontes: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense
Há 100 anos
Partido Fascista em Pelotas é celebrado na Itália
O jornal Diário Popular publicou trechos de uma correspondência recebida pelo comerciante, pintor e professor italiano Frederico Trebbi, agente consular da Itália em Pelotas, e comunicada ao presidente do fascio (como se chamava o Partido Fascista Italiano em Pelotas) local, Antonio Motolla. O telegrama, datado de 18 de maio de 1920, vinha de Roma e congratulava pela fundação de um núcleo fascista em Pelotas.
Meses antes, em outubro de 1924, o mesmo diário publicava um artigo sobre uma sessão promovida pelo Partido Nacional Fascista de Pelotas, na Bibliotheca Pública Pelotense. O evento teve a participação do intendente (prefeito), Augusto Simões Lopes, os capitães Alfredo de Souza Britto, pela guarnição da cidade, e Annibal Salles, da capitania do Porto, dos vice-cônsules de Portugal, Espanha, França, Itália e Uruguai, respectivamente os senhores Lino Saraiva de Oliveira, Idalecio da Nova Cruz, Paulo Meyselle, Frederico Trebbi e Raul Valdez Garcia; também Lourival Pinheiro e Jorge Portella, pelo S. C. Pelotas. Ainda um grande número de outras famílias, imprensa e representantes da colônia italiana.
O evento era em homenagem ao segundo aniversário da marcha sobre Roma e da vitória do fascio. A sessão foi aberta às 20h30min, por Motolla, ladeado por Lopes e pelo cónego Melo Lula. O orador, professor Ernesto Ronna, falou sobre a ação benéfica do fascismo e da “obra imortal de Benito Mussolini”. Logo depois foi tocado o hino facista, seguido de discurso de Joaquim Luís Osório, que foi ovacionado.
Desde 1924
“Além de registrar que, pelo menos em 1924, o Fascio já estava organizado em Pelotas, a entrada também nos dá conta que não era uma associação débil. O convite (da celebração) foi publicado na primeira página (o valor mais alto entre os anúncios)… e, mais importante, contando com a participação de uma ‘personalidade’ política da cidade”, escreve o pesquisador Rosendo da Rosa Caetano, na sua dissertação de mestrado em História, pela UFPel, sob o título O nazi-fascismo nas páginas do Diário Popular: Pelotas, 1923-1939.
Fontes: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense
Há 80 anos
Ângelo Cibélia exalta talento de Arita Gomes
No último ano dos estudos no curso de piano, a jovem Arita Gomes foi elogiada pelo jornalista e crítico musical Ângelo Cibélia. “Arita, desde a sua infância, revelou um temperamento extraordinário pela música”, escreveu.
Segundo o jornalista, a pianista viajou, deu concertos e colecionou um álbum com trechos de opiniões de destacados pianistas sobre o talento da pelotense. “Os recortes de jornais não cabem em uma simples valise de viajante”, descreveu.
Era descrita como muito agradável, de personalidade magnética e de um sorriso que emoldurava o seu rosto e impressionava “vivamente”. “Há uma ligação imediata de todo o seu organismo com o teclado do piano, que ela domina senhorilmente”, comentou.
Fontes: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense