São mais de 27 mil pelotenses com alguma deficiência. Quase quatro mil com autismo. Isso significa 8,5% da população, acima da média nacional. Dentro desse cenário, é fundamental pensar a cidade para acolher essas pessoas. A inclusão passa por diversos caminhos e um deles é proporcionar infraestrutura e serviços que comportem essas questões.
Hoje, Pelotas é uma cidade pouquíssimo voltada às pessoas com deficiências. É só olhar para nossas calçadas, por exemplo. O leitor pode se desafiar para fazer um exercício: tente caminhar por duas quadras da região central sem encontrar situações que seriam verdadeiras armadilhas a pessoas com deficiência visual ou de mobilidade. É impossível. São buracos, calçadas sem piso tátil, mobiliário urbano em posições nada estratégica, enfim. Como garantir, portanto, que as pessoas façam o básico, que é se locomover pelas ruas? Isso é mais uma das questões que passam pelo Poder Público, mas devem tomar fôlego com ações individuais. É possível olhar para a própria calçada, para a própria obra, e pensar em como pode tornar ela mais inclusiva.
Um outro ponto fundamental deve passar pela educação, em duas frentes: somos uma sociedade muito preconceituosa. E isso deve ser trabalhado para corrigir o quanto antes, proporcionando empregabilidade e evitando constrangimentos. Como se faz isso? Com educação de base. A mesma que deve ser oferecida de maneira ampla, plena e irrestrita para PCDs. E hoje o autismo é um desafio para escolas e educadores, que ainda esbarram em questões de diversas ordens para proporcionar uma estrutura aceitável na rede pública.
E não é que tenhamos mais autistas que no passado, a questão é que hoje a medicina evoluiu e a aceitação do diagnóstico se tornou mais comum. Dessa maneira, temos maior conhecimento para tratar as pessoas com dignidade. Mas em todas as frentes, diante de todas as deficiências, o papel deve ser sempre o mesmo: humanizar e incluir.