Há 40 anos o Grupo Ballet de Pelotas fazia sua estreia no Festival de Dança de Joinville, uma participação que rendeu muitos prêmios e reconhecimento à companhia pelotense. O Grupo nasceu na Escola de Ballet Dicléa Ferreira de Souza em 1972 para abrir espaço a bailarinos e bailarinas com avançado desenvolvimento técnico. Na 41ª edição do Festival, que se encerra neste sábado (27), o elenco pelotense retomou a sua história, voltou ao evento e conquistou o primeiro lugar na categoria Balé Neoclássico Sênior, com a coreografia Kyklos, na mostra competitiva do Festival da Sapatilha.
A primeira participação das alunas de Dicléa ocorreu em 1984, na segunda edição do Festival, com o Grupo Ballet de Pelotas, que na estreia voltou com premiação. Nos anos seguintes, o Grupo representou a Pelotas novamente, sempre trazendo prêmios.
Em 1986, além do Grupo Ballet de Pelotas, a Dicléa apostou em três alunas mais jovens, que começavam a se destacar, eram elas: Simone Lorenzi, Andréa Russo e Daniela Salim. O trio dançou Les étoiles e fez sucesso.
No ano seguinte, além de levar o Grupo, com diferentes coreografias, a mestre quis dar aos mais pequenos essa experiência e levou um grupo de crianças, entre elas estava a professora do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas Eleonora Campos da Motta Santos, coordenadora de Arte, Cultura e Patrimônio da UFPel, que na época tinha 11 anos. “As margens do Reno era dançado por um elenco de mais ou menos 30 crianças, de novo com as três meninas que se destacavam fazendo os solos”, relembra Eleonora. O grupo de pequenos conquistou o primeiro lugar na sua categoria.
A Escola não participou em 1988, mas voltou em 1989 com o balé Sylvia, conquistando o troféu Transitório, o mesmo de 1986, dado para grupos que atingiam praticamente 10 em todos os quesitos. Chamava-se Troféu Transitório porque a companhia poderia perdê-lo no ano seguinte para outro grupo.
Estes dois troféus hoje são lembrados em ladrilhos na “calçada da fama” do Centreventos Cau Hansen, onde o Festival é sediado. Quando o Festival completou dez anos, os organizadores homenagearam os grupos que mais tinham se destacado até aquele momento. Convidado, o Grupo Ballet de Pelotas reencenou Sylvia.
Depois dessa primeira década de participações bem-sucedidas, a Escola retornou ao Festival a partir dos anos 2000, com a bailarina Daniela Souza, filha de Dicléa, que tinha voltado à Pelotas após trabalhar na Companhia de Bailado de Portugal e no Teatro Nacional de Guaíra. Voltando a ser premiada na Categoria Balé Clássico Sênior.
Experiência importante
“Levar esta nova geração de bailarinos para essa experiência incrível que é estar no maior festival de dança do mundo e ter a oportunidade de respirar arte 24 hora do dia, fazer cursos com professores renomados, assistir ao concursos que são verdadeiros espetáculos contribui para o crescimento deles enquanto artistas e nosso enquanto professores”, diz Daniela de Souza sobre a experiência.
“Foi um sucesso, as pessoas lembraram da participação do Grupo por lá. Muitas pessoas tradicionais da história da dança no Brasil reverenciaram a Dicléa e manifestaram a felicidade de encontrá-la e de ver o Grupo voltando a participar é um processo de retomada da memória bem importante”, comenta Eleonora.
Acompanhou a Escola de Dicléa a Companhia Turno 2, projeto de pesquisa da UFPel coordenado pela professora Daniela Castro, que é formado por muitos egressos da Escola de Ballet pelotense. O elenco foi premiado com o terceiro lugar na categoria Dança Coreográfica Livre – Conjunto 40+, com Girar no vazio.
Dicléa é saudada
Aos 90 anos a maitrê Dicléa Ferreira de Souza, bailarina carioca, que escolheu Pelotas para abrir sua escola de balé em 1960, foi muito celebrada na sua volta ao Festival de Dança de Joinville, agora como diretora geral do Grupo Ballet de Pelotas. A maitrê recebeu o carinho e a saudação de nomes importantes do balé nacional como Ana Botafogo, Cecilia Kerche, Sigrid Nora, Marcelo Misailidis, Eleonora Grega, Wanderley Lopes e Carmen Hoffman e de ex-alunas como Luiza Yuk.