A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) bateu o recorde de depósito de patentes em 2024. Com 47 títulos de propriedade sobre invenções, a universidade também alcançou o posto de maior desenvolvedora de tecnologias do sul do Brasil entre as instituições públicas, conforme aponta o ranking do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), divulgado nesta quarta-feira (21).
A UFPel registra o maior número de patentes da sua série histórica, no mesmo ano em que obteve um recorde na captação de recursos provenientes de projetos em parceria com empresas. Foram mais de R$ 12,9 milhões, o dobro do valor registrado no ano anterior. Para 2025, a projeção de investimento é ainda maior, cerca de R$ 16 milhões.
A importância do aporte pode ser observada na comparação com os depósitos de outros anos. Em 2023, a UFPel havia desenvolvido 35 patentes e em 2022, 33. Chamada de inovação aberta, nas parcerias firmadas com a iniciativa privada, a empresa determina o desenvolvimento tecnológico desejado, aplica o investimento e a pesquisa é realizada pela Universidade e devolvida em patente.
Desenvolvimento de pesquisa em tecnologia rentável
Conforme o superintendente de Inovação da UFPel, o movimento na Universidade é por aumentar o desenvolvimento de patentes com elevado potencial tecnológico e capacidade de transformação em produtos concretos para comercialização. “Não estamos produzindo patentes de prateleiras, elas estão sendo transferidas para empresas para virar em produtos para serem comercializados”, diz Vinicius Campos.
Além de promover a inovação, o investimento na geração de conhecimento rentável tem o potencial de melhorar o desenvolvimento econômico do país e a maior disponibilidade de recursos para dar andamento a novas pesquisas na Universidade. O superintendente de tecnologia cita como exemplo o aumento de 25% na produção de patentes na Índia e faz uma comparação com o cenário de crescimento econômico. “O país apostou em tecnologia e agora tem o retorno econômico”.
Origem das patentes
De acordo com Campos, as patentes são oriundas majoritariamente no mestrado e no doutorado de cursos como: biotecnologia, odontologia, agronomia, química e engenharias. Em média o processo de desenvolvimento das inovações demora cerca de quatro anos.
Para ser considerada uma patente, a inovação tem que atender a três critérios: ato inventivo, novidade e aplicação industrial. E a partir do desenvolvimento dos produtos e a transferência para empresas, a Universidade e o inventor recebe royalties pela comercialização.
Além disso, o número de patentes também tem peso para a captação de recursos públicos em editais de agências de fomento científico. “Com isso, ao invés de importar, a gente começa a exportar tecnologia”, diz Campos.
A experiência do pesquisador
Doutor em biotecnologia pela UFPel, William Domingues iniciou o depósito de patentes de suas pesquisas na dissertação do mestrado. Somente na tese, ele registrou quatro tecnologias no INPI. Todas as patentes estão relacionadas à reprodução bovina com potencial comercial, sendo uma das principais, uma ferramenta de diagnóstico da fertilidade de touros. “Já foi uma tecnologia feita em parceria com uma empresa, o que ajudou muito no desenvolvimento. É muito importante transformar essa ciência de bancada em uma parte comercial e industrial”, diz.