Falta de mão de obra qualificada atinge setor de inovação e tecnologia

Emprego

Falta de mão de obra qualificada atinge setor de inovação e tecnologia

Escassez de profissionais especializados é registrada em startups, empresas de software e outros negócios de produtos digitais

Por

Atualizado segunda-feira,
19 de Maio de 2025 às 10:41

Falta de mão de obra qualificada atinge setor de inovação e tecnologia
Déficit compromete ritmo de expansão das empresas. (Foto: Jô Folha)

Em Pelotas, diversas vagas de emprego estão disponíveis com títulos em inglês, que podem parecer difíceis de compreender. Essas oportunidades, voltadas a profissionais tão técnicos quanto os nomes dos cargos, surgem diante de um déficit de mão de obra qualificada para empresas de inovação e tecnologia. A escassez de mão de obra qualificada contrasta com o crescimento das empresas de tecnologia na cidade.

Somente no Pelotas Parque Tecnológico são 65 empreendimentos com atividades em segmentos variados de tecnologia, como informação, software, saúde, agropecuária, entre outros. São empresas e startups como essas com vagas abertas para cargos com funções complexas aos leigos, como “senior functional product owner” ou “senior fullstack developer”. Conforme a diretora do Parque, Rosani Ribeiro, o déficit de mão de obra se intensifica no mesmo ritmo da expansão das empresas.

Mesmo formados nas universidades e no Instituto Federal Sul-riongrandense (IF) de Pelotas, os profissionais não estão disponíveis para vagas no município. “Uma das empresas relatou que ‘falta [mão de obra] tanto qualificada como desqualificada, muito difícil de contratar’”, diz Rosani. Segundo a diretora, um dos principais fatores que explicam esse cenário é a remuneração oferecida, que se torna pouco atrativa diante da concorrência com empresas estrangeiras que pagam em dólar — especialmente considerando que muitos desses cargos podem ser exercidos remotamente

A falta de mão de obra também tem sido uma reclamação constante na Associação Comercial de Pelotas (ACP). Segundo relato de associados, há escassez de profissionais, inclusive para funções mais comuns, como analistas financeiros e engenheiros. “Surgem candidatos, mas eles não estão qualificados ou não tem uma formação adequada”, diz o presidente da ACP, Fabricio Cagol.

Conforme o diagnóstico de Cagol, Pelotas forma uma ampla mão de obra qualificada, no entanto, diferente de quem pode trabalhar a distância, o êxodo de profissionais de funções presenciais ocorre para outras regiões do Estado, como a Serra e o Vale dos Sinos e muitas vezes para Santa Catarina. “A gente vem batendo nessa tecla há anos, de que Pelotas precisa reter os seus talentos aqui na cidade”.

Manutenção de profissionais e empresas

Para o presidente da ACP, a manutenção de profissionais qualificados na cidade, favorecendo o desenvolvimento de empresas locais, principalmente quando se trata do setor de tecnologia, passa por políticas públicas de incentivo de permanência e do desenvolvimento de negócios em Pelotas. “Um incentivo que seja pecuniário, fiscal, alguma vantagem, enfim, para podermos competir de igual para igual com outros centros de referência”.

Entrave no crescimento de empresas

Presidente de uma startup de tecnologia em saúde de Pelotas, William Rodrigues, relata que a escassez de profissionais tem sido um impasse para o crescimento da empresa da forma desejada. Problema agravado após a pandemia. “Hoje é tudo muito híbrido ou home office, ou as pessoas começam a trabalhar, pegam um pouco de experiência e se mudam de cidade”.

Assim como o presidente da ACP, Rodrigues reclama da falta de incentivo municipal para o setor tecnológico, exemplificado pela inércia da lei de incentivo a inovação, parada na Câmara de Vereadores há quase dois anos. “Economicamente nossa cidade também não investe nas empresas e nos empreendedores, não tem nenhum incentivo. Isso dificulta até a contratação de uma empresa, que é startup”.

Acompanhe
nossas
redes sociais