O mês de maio marca o período da Luta Antimanicomial, movimento que reafirma os direitos das pessoas que utilizam os serviços de saúde mental. Em alusão à data, a Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Pelotas e o Fórum Gaúcho de Saúde Mental promoveram, nesta sexta-feira (16), o evento RAPS (R)EXISTE, no Mercado Central de Pelotas.
A programação contou com roda de conversa sobre a tema e manifestações artísticas e culturais, para fortalecer o debate público e mobilizar a sociedade em defesa de uma Rede de Atenção Psicossocial (Raps) forte e inclusiva. O evento foi aberto ao público e contou com o apoio do Grupo de Pesquisa Enfermagem, Saúde Mental e Coletiva da UFPel, Barraca da Saúde, Coletivo Hildete Bahia, Coletiva de Mulheres Que Ouvem Vozes e Canal Conta Comigo.
A professora do curso de Terapia Ocupacional da UFPel e integrante do Fórum Gaúcho de Saúde Mental, Larissa Dallagnol da Silva, participou das atividades. Segundo ela, esse tipo de encontro permite refletir sobre o plano de governo para a saúde mental na cidade. “Nós estamos em um momento de reconstrução da Raps, a mudança de governo nos possibilita pensar novas estratégias e fazer novas reflexões”, diz.
Isadora Neutzling é voluntária da associação e também participou das atividades no mercado. Ela explica que todos os anos a associação e o Fórum de Saúde Mental realizam alguma ação pública para marcar a data, geralmente em espaços abertos. Neste ano, a proposta foi levada para o Mercado Central, em parceria com o projeto “Caps na Rua”.
O objetivo central, conforme Isadora, é a conscientização da população para a importância do fechamento definitivo dos manicômios e a consolidação de uma Raps bem estruturada. Atualmente, Pelotas conta com uma rede relativamente ampla, incluindo as unidades Caps: oito equipamentos distribuídos pela cidade.
Município entra na luta
Pelotas trabalha para retomar o protagonismo na saúde mental com foco na luta antimanicomial. Em 2001, a cidade foi premiada com o Prêmio David Capistrano, do Ministério da Saúde, por experiências inovadoras em saúde mental.
Perspectivas: Estão em andamento negociações para criar um Caps 3, com internações curtas de até 14 dias, e ampliar leitos psiquiátricos em hospitais gerais, evitando longas internações em instituições psiquiátricas.
Atenção básica: A gestão prevê a integração da saúde mental nas 51 UBSs com ações de matriciamento, visando atender casos leves como luto, ansiedade e depressão.
A política é guiada pela Lei 10.216/2001, que regulamenta a Reforma Psiquiátrica e defende o fim dos manicômios, priorizando formas de cuidado humanizadas, como Caps, ambulatórios e residências terapêuticas.