“Acreditamos que, através do alimento, a gente pode contribuir com inovação”

Abre aspas

“Acreditamos que, através do alimento, a gente pode contribuir com inovação”

Jeferson Mesquita Sigales é pesquisador e empreendedor

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“Acreditamos que, através do alimento, a gente pode contribuir com inovação”
Jeferson é CEO do Instituto Sigales. (Foto: Arquivo pessoal)

O pesquisador pelotense Jeferson Mesquita Sigales, CEO do Instituto Sigales e da startup Agrobrand, apresentou recentemente em Bogotá um estudo sobre prática de cocriação de valor em ecossistema agroalimentar. Líder TOP10 Brasil do World Creativity Day 2024, speaker no South Summit 2025 e no Food Design Fest 2025 Bogotá, o mestre em Administração pela Furg e pós-graduado especialista em Food Design fala sobre o cenário do setor de marcas no agronegócio na América-Latina e sua experiência no evento.

Como surgiu a oportunidade de participar como integrante do painel Food Design Brasil?

Tenho atuado com o Food Design faz bastante tempo. Me especializei com pós-graduação e, em 2021, apresentei no encontro latino-americano um estudo com conceito de marcas para o agro. Este ano, participei do Food Design Week de São Paulo, quando fui convidado para falar sobre a prática de cocriação de valor em ecossistema agroalimentar. São 35 estudos que eu investigo, sendo que só tem um deles que era América Latina, justamente na Colômbia. Os organizadores se interessaram pela pesquisa. Então foi assim que surgiu o convite. No começo eu fiquei um pouco indeciso, mas no final ainda tive bastante apoio e acabei participando.

O que vocês apresentaram e qual a relevância do material para o público do evento?

Desenvolvemos vários projetos de food design, pensando na alimentação desde a nossa região, marcas como Estâncias do Pampa, Casa de Carnes Alemão, Fazenda Cristal, Casa de Carnes Especiais Bar, tantos outros. Atendemos agroindústrias, desenvolvemos a marca da capital nacional do churrasco, estamos em conjunto agora com a Agroindustrial Müller, com a Embrapa, sendo parte do hub de inovação para o leite e tantas outras iniciativas agroalimentares. Acreditamos que através do alimento, a gente pode e deve contribuir com a inovação.

O que são as práticas de cocriação de valor em ecossistema agroalimentar: estudo sobre a carne gaúcha?

Primeiramente, a cocriação de valor, até antes dos anos 2000, se compreendia que valor era criado pelo produtor de uma indústria de quem, efetivamente, constituía um produto. Com o passar do tempo, se o pessoal compreender que, na verdade, o valor é cocriado entre as empresas, entre os integrantes, participantes para a geração de um produto, cada vez mais entre a empresa e o consumidor. Quando a gente fala do sistema agroalimentar, a gente está pensando desde o campo até a mesa do consumidor. Quando se fala em ecossistema agroalimentar, é compreender que não são apenas os elos de produção, beneficiamento, distribuição e consumo, assim que há outras áreas, outros setores, como o próprio setor de inovação desempenhado pelas universidades, estações de pesquisa e órgãos regulatórios, sejam de entidades de classe, governamentais. E todos esses são influenciados ainda pela sociedade civil. Essa prática gera um valor diferente. Então o estudo é a capacidade de gerar valor pela interação desses atores, desses stakeholders, dessa parte interessada.

O que você pode observar no evento que pode ser aplicado na nossa região?

Acho que o grande ensinamento. Podemos ver profissionais startups, pesquisas, vários projetos de diversas regiões da América Latina. Destaque para a própria Colômbia, Peru e México que carregam consigo uma alta valorização da sua identidade. Todas as soluções que foram apresentadas no Festival de Bogotá têm alta percepção de valor através dos diferenciais que identificam essas regiões, sejam através da comida, da cultura, questão geográfica. Isso fez com que se crie uma grande distintividade nas soluções alimentares a partir desses projetos. É um grande ensinamento que, com certeza, a gente pode e deve aplicar, não só em Pelotas, mas em toda a nossa região: aquilo que nós temos de diferenciais enquanto identidade, quem nós somos enquanto povo, sociedade, o que nos compõe, o que nós fomos a partir do Pampa. Não só da parte de alimentação, mas contra os outros desdobramentos que a identidade do nosso espaço geográfico é capaz de nos diferenciar e criar oportunidades de desenvolvimento para a nossa região.

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