“Eu não tinha noção de nada. Não conhecia a história dos Lanceiros Negros”

Abre aspas

“Eu não tinha noção de nada. Não conhecia a história dos Lanceiros Negros”

Zé Darci - Artista plástico

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“Eu não tinha noção de nada. Não conhecia a história dos Lanceiros Negros”
Zé Darci é natural de Arroio Grande. (Foto: Ana Cláudia Dias)

Começa nesta segunda-feira (12), às 13h, e se estende até terça (13), a 2ª Conferência Estadual do Povo de Terreiro, no Hotel Embaixador, em Porto Alegre. O evento volta a ocorrer depois de 11 anos da primeira edição, reunindo representantes de 68 municípios. Dentro da cerimônia de abertura ocorrerá o lançamento da Cartilha do Povo de Terreiro RS. A capa deste documento reproduzirá uma das obras da série de 12 orixás que o artista plástico Zé Darci, de Arroio Grande, pintou entre janeiro e fevereiro de 2024 e foi exposta de março a abril, do mesmo ano, na Galeria Ecarta, também na capital dos gaúchos.

Este ano a obra do arroio-grandense também pode ser vista no Pipa Parade, projeto artístico, com curadoria do artista André Venzon, que levou 30 artistas gaúchos para a Serra para pintarem as barricas de vinho, que ficaram expostas em dez municípios daquela região de janeiro a março deste ano. Esta foi considerada a maior exposição de arte ao ar livre na Serra gaúcha.

Como surgiu essa oportunidade de ilustrar a cartilha da Conferência?

Eu fui convidado pelo meu amigo Olumide Betinho (especialista em Política Pública e Gerenciamento de Municípios) para liberar uma imagem para a Cartilha dos Povos. Quem financiou foi a bancada dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. E tem toda uma logística para eu fazer uma exposição na Conferência.

Quando surgiu a série de pinturas com a temática dos orixás?

Surgiu antes das grandes enchentes. André Venzon, curador da Fundação Galeria Ecarta, me convidou para fazer uma exposição um pouco antes das enchentes. Ele esteve no meu acervo, em Arroio Grande, e me disse: “Quero que tu pintes uma série de orixás para uma exposição na Ecarta”. Foi aí que surgiram os quadros. Para mim foi uma surpresa.

Quando você começou a pintar?

Eu comecei no ano de 2000, desenhava bastante, mas não tinha essa noção da pintura. Sou funcionário público aposentado, trabalhei no DAER por 38 anos. Hoje eu costumo dizer que não tenho salário alto, mas o DAER me proporcionou ficar um artista conhecido. Eu super agradeço aos meus colegas que me apoiaram por tantos anos. Agradeço a minha professora de pintura, Iara Braga, era uma mulher negra, hoje falecida. Isso aqui em Pelotas, no curso do Senac. Muitas vezes eu não tinha material e ela me dava material, pincéis e tintas. E duas pessoas que foram importantes por me apresentarem à cultura negra, que é esse meu colega, Olumide Betinho e Giovane Lessa, do Canto de Conexão. Eu não tinha noção de nada. Não conhecia a história dos Lanceiros Negros. Eu não pintava a cultura negra. Aí depois comecei a participar do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra em Pelotas, conheci toda essa gama de pessoas do Movimento Negro de Pelotas. Me dei conta, a partir dos livros, das palestras sobre a riqueza que a gente tinha na nossa região. Aí eu cheguei a uma conclusão: ‘Vou me inteirar mais desse assunto e vou começar a trabalhar com a nossa história da região’.

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