A baixa procura por vacinação no Dia D de imunização contra a gripe em Pelotas, no sábado, é mais um indicativo de que temos um longo caminho contra o retrocesso no que tange a aceitação às vacinas. Vivemos anos em que um serviço tão necessário foi politizado e colocado em cheque. Além disso, temos gerações que não viveram os horrores da pólio e do sarampo, por exemplo. Por isso é fundamental que o Poder Público, em todos os seus níveis, trabalhe a fundo o processo de retomada da percepção positiva sobre esse cuidado em saúde.
É necessário um trabalho de comunicação longo, constante e incansável. O cenário que vivemos atualmente é resultado de uma espécie de relaxamento. Por anos e anos era natural ver as carteirinhas sendo preenchidas, quase que automático. O fácil acesso a conteúdos negacionistas de saúde, que sabe-se lá com qual objetivo ganharam corpo nos últimos anos, é outro fator a ser combatido. Vacinas salvam vidas e não adianta torcer contra: seu resultado é claro e comprovado ao longo de décadas de sucesso.
Embora o momento já seja melhor em números do que o cenário visto há alguns anos, é preciso formar gerações de pais e filhos que tenham orgulho de ver as carteirinhas preenchidas em dia e com zelo, tal qual era em um passado recente. A tranquilidade vivida por muitas décadas, quando praticamente erradicamos doenças que antes matavam crianças ao montes, deu lugar ao esquecimento em muitos casos, em cenários onde as pessoas já não têm a memória dos horrores que eram os anos de alta mortalidade infantil, por exemplo.
Vacinas não devem ser politizadas, como foram nos últimos anos. Devem ser, sim, estimuladas, através de políticas públicas, que devem passar inclusive pelas escolas, ganhar os meios de comunicação e repetir, incansavelmente, que com imunização, vidas são salvas e prolongadas. Hoje já temos as gerações mais longevas da história, e tudo se dá graças aos avanços da medicina. Ir contra isso é mais do que tudo uma burrice.