Mães e filhas levam amor e união para a vida profissional

Homenagem

Mães e filhas levam amor e união para a vida profissional

A cumplicidade chega até o negócio familiar e também inspira carreiras que passam de geração em geração

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Mães e filhas levam amor e união para a vida profissional
Dona Judith e Juliana têm um restaurante juntas. (Foto: Jô Folha)

“O que quero ser quando crescer?”, essa pergunta já fez parte do cotidiano de quase todas as pessoas em seus períodos formativos. Para muitas mulheres, a resposta estava logo ali, na primeira pessoa cuja relação de confiança, respeito e amor foi estabelecida na vida: sua mãe. Quando essa união resulta na inspiração para carreiras profissionais, o amor vira força motriz do trabalho.

A paixão pela cozinha passou pelo sangue aos três filhos, segundo Dona Judith, 71, mas é a filha Juliane, 39, que a acompanha diariamente, há dez anos, no restaurante da família, que leva o nome da matriarca. Em 2013, depois de um incêndio consumir o mercado da família, Judith encarou a depressão. Em 2015, foi a parceria da filha que a fez vislumbrar a possibilidade de um novo rumo, tendo o amor pela culinária como elo.

Mãe e filha chegam juntas ao restaurante logo cedo da manhã para preparar o almoço que será servido. Os doces seguem por conta da experiência de Dona Judith, mas Juliane disse que aprendeu tanto com a mãe que, por vezes, é ela que faz e as pessoas não notam a diferença. “Só a ambrosia que a mãe tem um jeito especial de fazer, já tentei, mas só ela consegue fazer essa receita, que é nosso carro-chefe”, comenta Juliane. A mãe conta que a receita foi recebida por ela, como presente de casamento, quando tinha 21 anos, e que nunca fez o doce de outra forma desde então.

A relação de mãe e filha também transparece no cuidado durante o trabalho. Dona Judith relembra dos momentos em que Juliane estava grávida e que, ainda assim, trabalhava diariamente no restaurante. “Eu fiquei mais preocupada se ela estava descansando direitinho, se estava se cuidando, por mim eu trabalharia a mais e nem me importava, só queria que ela estivesse bem”, relembra. Juliane, que voltou para o trabalho no empreendimento das duas apenas 17 dias após o parto do primeiro filho, lembra da mãe pegando o neto no colo e fazendo ele dormir, enquanto ela estava na cozinha. “Nossa parceria se reflete assim, no dia a dia, nunca tivemos desentendimentos, acho que esse é o diferencial que trazemos para o restaurante: as duas querem o bem da outra e daqui. Fazemos isso com o mesmo amor que temos como mãe e filha”, garante.

O restaurante completou 10 anos no último mês de abril e, há menos de seis meses em novo local, as proprietárias comemoram a nova fase e a união da família em torno do trabalho.

“Amor, amizade e cumplicidade nos define”

Em diversos casos, a mãe é a primeira amiga de uma filha. É o primeiro contato com a cumplicidade e, por vezes, a inspiração. Esse foi o caso da Isabella Fernandes, 24, e da mãe, Márcia Fernandes, 58, que é endocrinologista e vê a filha – carinhosamente chamada de Bella – seguindo os passos dela e do pai, que também é da mesma área. Márcia conta que parou de trabalhar somente 15 dias antes de dar à luz e que, quando precisou retornar à clínica, amamentava Isabella entre as consultas e cirurgias, e que a filha a acompanhou em congressos desde a barriga. “Quando ela começou a falar, perguntavam para ela o que ela iria ser quando crescesse, e sempre respondeu que iria ser médica igual os pais, ainda levava o dedo na boca mostrando que iria fazer endoscopia”, relembra.

Márcia inspirou a filha Isabella a seguir na carreira de endocrinologista. (Foto: Divulgação)

Isabella formou-se em Medicina e iniciou a residência médica na área da mãe, e agora está se preparando para a prova de residência em gastroenterologia. Ela afirma que o amor pela profissão, visto em casa, contribuiu para a sua construção como médica. “A mãe me conta que eu falava para os clientes dela ‘quando eu crescer, vai ser eu que vou te atender, não vai ser mais a minha mamãe’”, lembra. Márcia diz que, durante a época de vestibular, ficava preocupada se a filha queria ser médica somente pelo exemplo, mas que sabe o quanto isso foi importante e determinante para que ela já soubesse, desde criança, o que queria ser. “Eu falava para ela que tinham muitas profissões, que ela tinha que conhecer e ter certeza, mas no vestibular ela realmente teve convicção e dedicação, passando de primeira como eu e o pai dela”, diz.

A parceria entre mãe e filha vai além da profissão. Márcia conta que as duas sempre foram muito amigas e são muito parecidas nos gostos. “Me deixa muito feliz ver a nossa amizade, cumplicidade, união e harmonia se estendendo até na mesma profissão”, comenta.

Isabella alegra-se pelo caminho que vem traçando na profissão e de ter a mãe como inspiração e parceira de jornada. “Tenho um orgulho imenso de seguir os passos deles [dos pais] e procuro levar esses exemplos para o dia a dia, sendo cada vez mais empática, humanizada e respeitando todos, como aprendi com eles”, afirma.

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