A denúncia feita pelo vereador Arthur Halal (PP) sobre um suposto contrato superfaturado no Sanep é grave e exige uma apuração rápida e rigorosa. O governo precisa explicar por que a autarquia contratou sem processo licitatório serviços que já estavam previstos em uma licitação que foi cancelada sem sequer procurar a empresa que apresentou o menor preço.
As intervenções realizadas a partir do decreto de emergência são fundamentais, mas qualquer atropelo dos trâmites burocráticos básicos descredibiliza e desmoraliza o governo. Se o decreto agiliza a contratação de serviços, tudo tem que ser feito com a máxima transparência e responsabilidade.
Em entrevista publicada na edição de terça-feira (29), o prefeito Fernando Marroni (PT) reconhece que Pelotas não está preparada para uma próxima enchente. A cidade precisa ter como prioridade as ações de prevenção aos alagamentos e nas obras de resiliência. Porém, a falta de zelo logo nas primeiras contratações põe em xeque todo o trabalho pós-decreto.
Em menos de seis meses, o governo vai enfrentar a primeira CPI na Câmara de Vereadores, onde vai encontrar uma oposição coesa e fortalecida. Sem explicações claras e convincentes, a gestão não sofrerá apenas desgaste político, mas também terá um escândalo justamente em uma área sensível: a proteção da população contra enchentes.