Parceria com a UFPel irá promover a análise da qualidade da água na região sul

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Parceria com a UFPel irá promover a análise da qualidade da água na região sul

As primeiras coletas aconteceram em pontos de São Lourenço do Sul

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Parceria com a UFPel irá promover a análise da qualidade da água na região sul
(Foto: Jô Folha)

A qualidade da água consumida diariamente é determinante para a saúde pública, o bem-estar e a economia. Preocupado com contaminações e em prevenir riscos, o projeto Educame do jornal A Hora do Sul divulgará, periodicamente, resultados de análises de amostras de água de rios e arroios da região sul.

O objetivo é contribuir para a conscientização dos riscos que a contaminação das águas pode causar, além de servir como ferramenta para educação ambiental baseada em dados locais.

O projeto conta com a parceria do grupo de trabalho, liderado pelo Professor Maurizio Silveira Quadro, do Laboratório de Análise de Água e Efluentes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). As coletas serão realizadas pelos pesquisadores, com o acompanhamento de uma equipe do jornal, para que os leitores possam acompanhar todo o processo através das páginas do Educame.

São Lourenço do Sul

A chamada “Pérola da Lagoa” foi uma das primeiras cidades da zona sul a ser atingida pelas enchentes de maio de 2024. Por ter nas águas a fonte de sustento de grande parcela da sua população, seja para pesca, seja para turismo, foi escolhida como a primeira a contar com a análise deste projeto. Também foram avaliados outros fatores de proximidade e relevância que contribuíram para o início das coletas.

Neste primeiro momento, sete pontos foram escolhidos. O professor Maurizio explica que a seleção dos locais de captação em São Lourenço do Sul seguiu critérios que auxiliem o estudo a ter um panorama dos impactos na qualidade de água, facilite a avaliação dos indicadores de saneamento, além de uma percepção do processo natural de limpeza dessas águas.

Como será a análise?

Serão colhidas amostras de diversos pontos dos principais cursos de água que passam pela região sul do Estado.

A pesquisadora Jéssica dos Santos, doutoranda em Recursos Hídricos, explica que a análise será feita com base no Índice de Qualidade das Águas (IQA), usado para verificar possíveis contaminações causadas por lançamento de esgotos domésticos. “No IQA estão estabelecidos nove parâmetros que teremos que analisar para avaliar a qualidade da água nesses pontos”.

O objetivo é fornecer aos leitores um material completo e de qualidade técnica sobre a água que chega até suas casas. Além disso, é uma forma de alertar os governos municipais e toda a população para a necessidade de ações voltadas para a preservação do meio ambiente, o controle de cheias, ampliação de saneamento básico e segurança hídrica.

Primeiras impressões

Outra integrante do Laboratório de Análise de Água e Efluentes da UFPel, a pesquisadora Josiane Farias, comenta sobre as primeiras observações nos pontos de coleta no Arroio São Lourenço. “A princípio está dentro da normalidade, tem um pouco de turbidez, mas isso é pelas últimas chuvas na região, o que influencia bastante na cor da água. Não tem cheiro, o que é bom, já que em alguns córregos e afluentes a gente chega e já sente cheiro de esgoto”, destaca.

Em outro ponto, no arroio Carahá, dentro de uma propriedade privada, Josiane fala sobre o uso de defensivos agrícolas. “Por ter uma área de plantação de soja no entorno, é comum o cheiro forte, típico de uso de agrotóxicos. Eles podem chegar até os afluentes com a chuva”, diz.

Saúde Pública

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em todo o mundo, a água contaminada mata cerca de 1,6 milhão de pessoas durante o ano, geralmente associada à falta de saneamento básico. O Ministério da Saúde, afirma que o custo gerado para o tratamento de doenças transmitidas por águas contaminadas no Brasil é equivalente a US$ 2,7 bilhões por ano.

Atestar a qualidade da água é importante para o consumo humano, hidratação de animais, pesca, irrigação de plantações e outros usos. Considerada uma importante zona pesqueira, a região sul do Rio Grande do Sul é responsável por fornecer, em média, 30% de todo camarão da espécie rosa consumido no Brasil – cerca de 16 mil toneladas por ano. Desta forma, o monitoramento hídrico constante é essencial também para a economia local.

Além disso, Maurizio defende que o monitoramento da qualidade da água permite avaliar como está o saneamento local. “Isso impacta diretamente na qualidade de vida da população, seja por garantir água segura no abastecimento, reduzir riscos de doenças ligadas à falta de saneamento ou até mesmo por fortalecer o potencial turístico e pesqueiro”, reforça.

Próximos Passos

A partir da análise das primeiras amostras, a estimativa do Laboratório é que os testes sejam feitos durante uma semana e o resultado divulgado nas próximas edições do Educame.

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