José Luiz Kessler assume ARP com planos de renovação de lideranças e aproximação campo da cidade

Nova gestão

José Luiz Kessler assume ARP com planos de renovação de lideranças e aproximação campo da cidade

Mandato temporário de um ano exigiu mudanças no estatuto para inclusão de novos sócios na diretoria

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José Luiz Kessler assume ARP com planos de renovação de lideranças e aproximação campo da cidade
Novo presidente diz que entre os seus objetivos está a criação de novas lideranças e aproximação entre campo e cidade (Foto: Rita Wicth)

O engenheiro-agrônomo José Luiz Martins Costa Kessler inicia seu segundo mandato à frente da Associação Rural de Pelotas (ARP) com planos de renovação de lideranças, revisão do estatuto da associação e qualificação dos processos de comunicação entre produtores e sociedade. Grande incentivador do associativismo, Kessler aposta em uma melhor organização para promover mudanças e planejar o novo ciclo da ARP para os próximos dez anos.

Para assumir por um ano, foi necessário realizar mudanças no estatuto que permitissem a posse de Kessler, visto que o previsto era a permanência na presidência da associação por um período de dois anos. Dentre as disposições transitórias, o presidente destaca que a eliminação da exigência de carência de seis meses para que novos associados possam integrar a Diretoria e os Conselhos foi um grande avanço.

“Nossa gestão começa com seis novos associados na diretoria. Com isso, queremos identificar talentos, ouvi-los e trazê-los para dentro da Associação Rural. Também, pela primeira vez, a indústria do arroz — a principal da região — conta com representação”, comenta.

Em conversa com o Jornal A Hora do Sul, Kessler falou sobre os planos para o mandato, assim como sua percepção sobre a situação do agronegócio na região sul e no Estado.

  • Quais são os principais planos da gestão para o mandato de um ano?

Além do mandato de um ano, conseguimos mudar o estatuto para permitir a participação na diretoria de associados com menos de seis meses de casa. O segundo ponto será a revisão do nosso plano estratégico, pensando a entidade para os próximos 10, 20 anos. Nosso grupo, neste ano, precisa mergulhar nesse tema e rever o plano de ação da entidade. Como todos os anos, temos o desafio de realizar a Expofeira de Pelotas — um evento grandioso e caro para uma entidade que trabalha com um aperto de caixa muito grande.

  • Quais são os planos para qualificar a infraestrutura do Parque de Exposições Dr. Ildefonso Simões Lopes?

Temos uma área de 43 hectares que, atualmente, apresenta uma oportunidade de negócio. Estamos debatendo isso há bastante tempo. Tivemos um primeiro projeto, durante o meu mandato anterior, que foi muito bem acolhido pela Câmara de Vereadores, mas, na época, não encontramos investidores para aquele modelo. Hoje, há uma nova proposta, da qual ainda preciso me inteirar. Existem algumas divergências, mas o debate é importantíssimo, pois podemos utilizar parte do parque — preservando toda a sua parte histórica — para qualificar o fluxo de trânsito em Pelotas.

Pretendemos manter as características do parque e viabilizar algum tipo de construção imobiliária que gere renda, tributos para o município e receita para a entidade. Assim, teríamos recursos para recuperar os galpões históricos, hoje sem verba para reforma. Está dentro das minhas competências abrir esse diálogo. Queremos que a cidade viva mais o parque.

  • Hoje, quais são alguns dos principais desafios do setor do agronegócio?

Há uma pressão externa, pois o mundo todo se preocupa com a segurança alimentar e enxerga na competitividade dos produtos brasileiros um grande desafio. Por isso, há esforços para nos dividir e nos enfraquecer. O produtor, devido à sua capilaridade e à distância dos centros, tem dificuldade de se fazer ouvir. Mas, quando conseguimos competir, somos imbatíveis. No agro, somos imbatíveis. Isso se deve ao mérito da nossa pesquisa e da nossa gente, que enfrentou muitos desafios.

Recentemente, o ministro falou sobre importar arroz por causa da chuva, mas temos estoque. A desinformação é muito grande. Além disso, o setor se comunica mal. Outro equívoco é dizer que o produtor aumenta o custo da cesta básica. O produtor não define os preços; quem o faz é o mercado. Antes de começarmos a colher a soja na região, ainda estávamos terminando a colheita do arroz, e então vieram as chuvas intensas. A soja não pôde ser colhida, e o produtor perdeu tudo. Muitas vezes, ele não conta com um bom seguro. O desembolso para plantar um hectare de soja hoje é altíssimo, e o produtor precisa pegar empréstimos para conseguir financiar a produção.

“No agro, nós somos imbatíveis. Por mérito da nossa pesquisa, da nossa gente, que enfrentou muitos desafios.”

  • Quais são os pontos positivos da área atualmente?

Tivemos avanços, especialmente no acesso à informação. Fui presidente da ARP em 2016 e 2017. Desde então, vimos uma transformação acelerada na região. Antes, tínhamos basicamente o cultivo de arroz e a pecuária. Também havia produção de leite, mas enfrentamos dificuldades nesse setor e perdemos uma indústria significativa na região. Houve, então, uma expansão da lavoura de soja, e a pesquisa nos proporcionou essa possibilidade.

Quando cheguei aqui, vindo de outra região, não se imaginava ver soja e milho sendo plantados, pois os solos são hidromórficos, ou seja, permanecem alagados. Foi um grande desafio. Colocar água sobre os solos da planície era uma tecnologia já dominada, mas retirá-la não era. A pesquisa trouxe essas respostas — não só a agronômica, mas também a genética, de máquinas e processos. Isso evoluiu com muita rapidez, e hoje essas informações chegam ao produtor com muito mais facilidade.

  • Qual a importância do associativismo?

Conhecemos pouco as dores do produtor, porque não nos comunicamos bem e o produtor não está organizado. Por isso, participo de uma associação: acredito que devemos estar organizados. O que percebo é o envelhecimento das lideranças e a falta de renovação. Existe uma ilusão, ao menos na minha percepção, por parte do público jovem, de que é possível se comunicar diretamente pelas redes sociais. E isso tem valor — dou imenso crédito — mas, além da comunicação, é necessário se agrupar.

Foi por isso que voltei à associação: para tentar aumentar a participação dos jovens na ARP. Essa é uma oportunidade para fazer um chamado, para que percebam a importância de termos uma mesa onde as demandas da nossa região possam ecoar com força.

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