Uma propaganda da companhia telefônica Vivo viralizou nas redes sociais neste final de semana, ironicamente com o estímulo para sermos menos ativos no celular. A peça publicitária traça um paralelo entre relacionamentos abusivos e nosso anseio de “responder” aos chamados do celular constantemente. Quem é usuário ativo sabe a agonia gerada por passar muitos minutos sem olhar as notificações. E isso grita como um problema a ser enfrentado urgentemente pela nossa sociedade. Estamos nos tornando escravos das telas e isso precisa ser combatido.
Os efeitos já estão aí e o processo agora passa por frear e tentar reverter os impactos no nosso cérebro. Um dos grandes acertos do ano é justamente a medida do governo federal que proíbe o uso de celular nas escolas. Não há como aceitar que nem na sala de aula o foco das crianças não esteja dividido com a timeline. Somos uma sociedade doente e com postura de zumbis digitais e é importante passarmos a nos sentir incomodados diante do nosso próprio comportamento. Sermos os senhores das nossas atitudes.
Só o ato de ficar olhando fixamente para telas já é problemático para a saúde ocular. Mas o impacto social e cerebral é ainda pior. As inundações de dopamina barata com os vídeos curtos estão destruindo o foco das pessoas. Ao invés do entretenimento com um livro ou filme, vamos para vídeos de 15 segundos e que, se não agradarem em três ou quatro segundos, passamos adiante. Até as músicas já sofreram alterações: os refrões iniciam as vezes na largada. Caso o contrário, não cola.
E os impactos vão se acumulando: consumimos informação superficial, muitos se informam em páginas sem nenhuma base para estar comunicando e até nossa autoestima é destruída pelas comparações da vida artificial que os outros expõem. Por isso, é urgente encararmos nosso próprio erro geral de atitude. Falhamos até aqui na relação com a tecnologia, deixamos ela tomar conta e estamos saindo derrotados. Ela veio para nos servir, e não para nos escravizar. Retomar o controle dos nossos próprios cérebros é o primeiro passo para voltarmos a ser conscientes e intelectualmente saudáveis.
ERRATA
Ao contrário do informado na página 16 da edição de final de semana de A Hora do Sul, o prédio que será a sede do 3º Comando Regional dos Bombeiros não fica na sede da CEEE na praça 20 de setembro, mas na quadra seguinte, na rua Marcílio Dias, 683, na antiga sede da CEEE GT. Pedimos desculpas pelo erro.