O atum será o primeiro pescado rastreado da pesca marinha. Desenvolvido em parceria entre Embrapa, Paiche Consultoria com o Instituto Chico Mendes, o projeto vai possibilitar aos consumidores acesso a informações detalhadas sobre as práticas produtivas e extrativistas, especialmente do atum. O convênio foi assinado em Brasília.
Além dos benefícios voltados ao consumidor, como provar a origem do pescado, as condições da captura, respeito às normas ambientais e trabalhistas, também será beneficiada a indústria pesqueira nacional. A partir da tecnologia do Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar), ocorrerá a padronização das informações sobre a origem das matérias-primas, contribuindo para a transparência dos processos de agroindustrialização.
Todas as etapas da cadeia produtiva do pescado passarão a ser rastreadas digitalmente e auditáveis, desde a sua origem no mar, passando pelo beneficiamento e transporte, até o consumidor final. A colaboração com instituições como o Instituto Chico Mendes, responsável pela Gestão e fiscalização de quatro Unidades de Conservação Federal, integrantes do Núcleo de Gestão Integrada Grandes Unidades Oceânicas, que representam 25% da Zona Econômica Exclusiva do Brasil foi responsável por ampliar o alcance do Sibraar no setor pesqueiro.
Da mesma forma, a rastreabilidade e a adoção de boas práticas na produção e exportação de pescado são essenciais para atender os padrões regulatórios internacionais e garantir a qualidade do produto. Conforme o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Alexandre de Castro, atualmente existe uma demanda pela rastreabilidade de produtos de exportação, como o atum. “É preciso comprovar a originação legal e boas práticas de pescarias, principalmente, para comercialização nos mercados americano e europeu”, explica.
Possibilidades de mercado
Apesar de difundida em toda a costa brasileira, a pesca do atum fica mais concentrada no nordeste do país. A Embrapa Clima Temperado, que entra no acordo de cooperação técnica juntamente a Embrapa Pesca e Aquicultura, a Embrapa Agroindústria de Alimentos e a Embrapa Agricultura Digital, foi convidada devido à experiência em projetos de rastreabilidade digital, como nas cadeiras do arroz e frangos de corte.
Castro destaca que atualmente, a demanda por produtos rastreados tem aumentado nos últimos anos. “A rastreabilidade aumenta o valor agregado de alguns produtos. Da mesma forma, é responsável por abrir novos negócios em mercados mais exigentes, como o europeu, por exemplo”, explica.
Sibraar
O Sibraar, Sistema Brasileira de Agrorrastreabilidade, é uma tecnologia desenvolvida pela Embrapa Clima Temperado, com tecnologia blockchain embarcada, que garante a integridade das informações registradas e custodiadas. É utilizado para realização do rastreamento completo de produtos agropecuários, desde a produção até o consumidor final.
“A tecnologia é particularmente importante para criar uma trilha de auditabilidade e subsidiar processos de certificação digital, levando transparência de práticas produtivas ao consumidor final”, justifica Castro.