Por meio da empresa de consultória WayCarbon, o governo do Estado prepara um Plano de Transição Energética Justa para Candiota e outros 19 municípios da região da Campanha e do Baixo Jacuí dependentes direta ou indiretamente de atividades da cadeia carbonífera. O estudo irá propor alternativas de diversificação econômica e de ocupação dos trabalhadores dependentes da extração de carvão e da geração de energia termelétrica.
A elaboração do Plano de Transição Energética faz parte do ProClima 2050, um conjunto de estratégias do governo do Estado para promover a mitigação das emissões de Gases de Efeito Estufa e das consequências das mudanças climáticas. Com a economia totalmente dependente da extração de carvão e da geração de energia pelas usinas hidrelétricas, Candiota foi a primeira cidade a receber uma reunião pública para debater o Plano.
Conforme a secretária de Meio Ambiente do RS, Marjorie Kauffmann, o estudo tem 12 meses de duração e será entregue em novembro deste ano. O resultado será uma série de informações técnicas para nortear a construção de políticas públicas para dar início a descarbonização preservando ao máximo a estabilidade econômica e social dos municípios. “Precisamos da participação de todos para que esse plano seja eficiente”.
O objetivo é que a transição energética seja um meio de atrair novos investimentos diante do crescimento da consciência ambiental de empresas, diversificando as atividades econômicas das cidades. Principalmente de Candiota, que tem cerca de 90% da economia dependente do carvão. “O nosso propósito é desenvolver um relatório extremamente técnico, olhando quais caminhos a região pode ter”, diz o coordenador geral do projeto da WayCarbon, Felipe Bittencourt.
Já o secretário-adjunto do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marcelo Camardelli, salientou na audiência pública realizada na Câmara de Candiota na terça-feira que a transição deve ser justa com os trabalhadores e suas famílias que dedicaram a vida a região carbonífera. “Que dependem direta ou indiretamente do setor, e com os municípios, cuja economia ainda está atrelada à cadeia do carvão”.
Construção do plano
O plano está dividido em três etapas principais: atividades preparatórias; entendimento do ponto de partida e potencial da transição; e desenho da estratégia de atuação. Entre os 14 produtos a serem entregues até novembro, destacam-se estudos sobre o setor energético, alternativas de descarbonização, análise de vulnerabilidade energética e identificação de linhas de financiamento climático.
Para a participação das comunidades na formação do Plano foi aberta uma consulta pública até o dia 27 de maio no site do governo do Estado em t.ly/4Qtqj.
Candiota
A discussão sobre transição energética é ainda mais sensível para a comunidade de Candiota devido ao desligamento da usina Candiota 3 há três meses. Sem qualquer previsão ou garantia de retomada das atividades na hidrelétrica, cerca de 710 funcionários — alguns com vínculo desde a época em que a usina ainda era estatal — temem perder seus empregos.
Outros 300 trabalhadores diretos da CRM, mineradora do governo do Estado, cuja mina de carvão se viabiliza somente devido ao contrato de fornecimento com a UTE Candiota 3 estão em situação semelhante.
Além disso, o setor de comércio e serviços da cidade depende exclusivamente da movimentação da geração de energia e da extração de carvão para a manutenção dos empreendimentos.