Comunidades pesqueiras são tema de mostras fotográficas

Cultura

Comunidades pesqueiras são tema de mostras fotográficas

Mostras fotográficas dos projetos do Núcleo de Análises Urbanas e Culturais (Nauc/Furg) estarão na Festimar

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Comunidades pesqueiras são tema de mostras fotográficas
Carnaval da Ilha da Torotama é patrimônio da cidade do Rio Grande.

Entre as atrações da Festimar que começa na quinta-feira, em Rio Grande, estão as exposições fotográficas Vida, voz e cor dos sujeitos da Pesca Artesanal da Lagoa dos Patos e Como as mulheres da Torotama fazem. Os registros salientam vivências, memórias e saberes das comunidades pesqueiras das ilhas do município, buscando evidenciar o protagonismo feminino. As propostas foram organizadas por alunos, com a coordenação da professora Juliana Cristina Franz, do Núcleo de Análises Urbanas e Culturais (NAUC), vinculado ao Instituto de Ciências Humanas e da Informação, da Fundação Universidade do Rio Grande (Furg).

As duas mostras podem ser visitadas no Espaço Café na Feira Comércio e Serviços do evento, na rua Andradas, entre a Alfândega e a praça Xavier Ferreira. A entrada é franca.

A exposição leva ao público 24 imagens, 12 de cada um dos projetos, a maioria delas deste ano feitas pelos integrantes do grupo de pesquisa. No projeto Vida Voz e Cor há ainda imagens das comunidades da Ilha dos Marinheiros e São José do Norte, algumas de 2020, quando a pesquisa teve início.

Juliana Franz, docente da disciplina de Geografia Cultural, do curso de Geografia, explica que desde 2020 a atividade extraclasse leva os alunos a incursões em diferentes regiões do município em busca dessas vivências e histórias de pescadores e pescadoras artesanais. A produção audiovisual faz a representação desses processos culturais.

Mulheres invisibilizadas

O projeto de pesquisa do Nauc, Vida, voz e cor dos sujeitos da Pesca Artesanal, financiado pela Fapergs, deu origem a outros projetos de cultura, propostos pelos alunos, que atuaram como agentes culturais. O que possibilitou a execução da mostra Como as mulheres da Torotama fazem, com financiamento da Lei Paulo Gustavo. A aluna Jaqueline Borges foi a proponente.

Em campo os alunos buscam diferentes facetas culturais de cada região. A professora lembra que, muitas vezes, a mulher fica invisibilizada nessas comunidades pesqueiras, por isso essa proposta de um olhar mais sensível para elas. “A mulher é a ajudante, a esposa de fulano. Então a gente buscou esse protagonismo, representando não só essa relação com a pesca, mas também os eventos culturais que eles promovem”, explica Juliana.

A própria inserção cultural das crianças, na maioria das vezes elas estão sob responsabilidade das mulheres, também passa pelas mãos das mães, avós, tias, irmãs e primas. “A gente buscou representar essa diversidade também vendo a questão geracional, por isso vão ter imagens de mulheres idosas também”, explica a professora.

Futebol e Carnaval

A comunidade da ilha da Torotama, foco de uma das mostras, passou por grande dificuldade no último ano, em função das cheias da Lagoa dos Patos, em maio. Algumas famílias ficaram mais de 50 dias fora de casa, com suas residências dentro da água.

Apesar desse momento desesperador, a vida cultural voltou à ativa, assim que as famílias voltaram a se estabelecer no local. O Carnaval de rua da Torotama, que é patrimônio cultural imaterial de Rio Grande, por exemplo, ocorreu normalmente este ano. Essa resiliência surpreendeu os pesquisadores. “Neste ano eles voltaram com toda a energia, com todo o ânimo para fazer o Carnaval”, conta a professora.

No ano passado, o grupo gravou um curta-metragem sobre o carnaval da Torotama. Com a enchente, os pesquisadores pensaram que talvez aquele tivesse sido o último. “Eles vieram mais fortes na sua essência comunitária, isso muito pelo engajamento feminino que acaba empurrando essa frente”, comenta a pesquisadora que vê ass mulheres como as principais lideranças nessa resistência cultural.

Atualmente cerca de duas mil pessoas residem na Ilha da Torotoma. Um núcleo pequeno que tem entre as peculiaridades a união das famílias e ao mesmo tempo uma divisão clubística, que domina as atividades de futebol amador e do Carnaval.

Os clubes de futebol amador são o Fiateci e o Novo Avante Torotama, que dividem o gosto popular e chancelam os desfiles carnavalescos. “A partir dessa rivalidade um alimenta o outro. Numa concorrência que faz essas entidades permanecerem”, comenta a professora.

Festival do Mar

A partir de amanhã até o dia 20 deste mês, ocorre em Rio Grande o Festival do Mar. Serão diversas atrações gratuitas, como shows locais, estaduais e regionais. O evento é uma realização da Câmara de Dirigentes Lojistas do Rio Grande e São José do Norte e do Ministério da Cultura, através da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).

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