Não existe evolução de uma sociedade sem começar pela base. As dificuldades estruturais, sociais e de pessoal trazidas quase que diariamente por toda a imprensa jogam luz a uma pergunta: afinal, o que estamos formando em nossas escolas? Quais os objetivos? É urgente ressaltar que colégio não é depósito de criança, professor não é responsável solitário pela formação de cidadãos e que vivemos em um cenário de constante e acelerada adaptação das gerações mais jovens. Para o sistema educacional fazer sentido, ele tem que ser atraente. E hoje passa longe de ser.
Por isso entristece a bizarrice que a reportagem de A Hora do Sul encontrou ao visitar a Emef Dona Maria Joaquina, no Cerrito Alegre, e foi pega de surpresa quando se deparou com uma escola integral sem alunos no turno da tarde. O motivo: faltam merendeiras e monitores. A prefeitura vem há meses argumentando que está restituindo o quadro de profissionais, mas enfrenta dificuldades para encontrar mão de obra.
O fato é que hoje o cenário da educação é pouco atraente também para o trabalhador. Não basta contar apenas com a paixão e vocação do educador. É muito estresse, muitos incômodos, pressão absurda, espaços sucateados e salários longe do adequado para tanta demanda. Não é algo exclusivo da rede municipal de Pelotas. Em diversas cidades isso é visto. Por isso, é urgente um movimento a nível nacional que busque criar cenários de valorização do profissional, reestruturação das escolas e atração de alunos. O que é feito até o momento não basta.
Em um momento de virada tecnológica e mudança de sociedade, a escola tem que ser um local que faça o aluno querer estar. Atualização curricular é um dos caminhos. Mudança na abordagem é outro. Mas, acima de tudo, é com profissionais qualificados, com a saúde mental em dia e motivados a trabalhar que se encontra a solução para os problemas. Para sermos uma sociedade melhor no futuro, precisamos melhorar hoje a nossa educação.