Quase dois meses após o início da safra do camarão, os pescadores enfrentam a escassez do crustáceo e as limitações impostas pela cota de tainha. Com a captura abaixo do esperado e a renda comprometida pela baixa permissão de pesca da tainha – insuficiente para cobrir custos de combustível, manutenção e sustento familiar -, muitos trabalhadores torcem para a melhora do quadro nas últimas semanas de safra.
Conforme o Informativo Conjuntural da Emater/RS, a captura de camarão na Lagoa dos Patos está com baixa quantidade, predominando exemplares de pequeno porte. Em Pelotas, a presença do crustáceo é praticamente inexistente. A pesca está atualmente concentrada na tainha e na traíra, que apresentam volumes mais significativos.
O pescador e morador no Pontal da Barra, José Roberto, 55 anos, admite que a safra do camarão decepcionou neste ano. Nesse sentido, a alternativa tem sido a tainha, mas a quantidade também não tem sido grande. “Esperávamos um volume maior, mas as enchentes afetaram muito. A água não salgou o suficiente”, avalia.
José Roberto não sabe estimar exatamente a quantidade que poderia ter sido capturada em condições mais favoráveis, mas afirma que o volume foi em torno de 40% do esperado. Apesar de a safra ainda não ter se encerrado totalmente, há uma pequena esperança de que a captura melhore até a Semana Santa ou, no máximo, até o final de maio. No entanto, isso depende das condições climáticas, já que as baixas temperaturas, como as dos últimos dias, podem afetar a pesca.
Além disso, o pescador relata que os camarões capturados até então estão em tamanho médio, menor do que o esperado no início da safra. Em anos normais, costuma-se pescar camarões na faixa de 100 a 120 unidades por quilo, mas nesta temporada esse rendimento ficou entre 150 e 160 camarões.
Cota da tainha e fiscalização
Um obstáculo adicional tem sido as restrições impostas pela cota da tainha, que limita a captura do peixe a 88,3 quilos por pescador, e têm prejudicado a atividade. A cota imposta reduziu bastante a quantidade disponível para pesca.
Outro problema é a comercialização: muita gente tem medo de comprar devido à fiscalização e a exigência de nota fiscal. Mesmo quem tem a documentação correta enfrenta dificuldades, pois há muitas barreiras nas estradas, e a venda está prejudicada. “A tainha é o que está sustentando os pescadores do Pontal neste momento”, afirma o pescador.
Pesca na Lagoa Mirim
Ainda segundo o relatório da Emater/RS, na Lagoa Mirim a pesca está autorizada, mas os níveis de água do Rio Jaguarão e da própria lagoa diminuíram consideravelmente. A atividade pesqueira está sendo retomada com cautela devido às altas temperaturas do início da semana, embora haja disponibilidade de traíra e jundiá.