O debate sobre o aumento das tarifas do transporte coletivo em Pelotas reacendeu uma discussão fundamental: a remodelação da mobilidade urbana na cidade. A adoção de ônibus elétricos, proposta de campanha do prefeito Fernando Marroni (PT), e a implementação da gratuidade no transporte são possibilidades que Pelotas precisa discutir com seriedade e aprofundamento.
Ano após ano, o transporte coletivo é alvo de críticas pela precariedade da frota, a falta de horários e o valor elevado da tarifa. A pandemia de Covid-19 agravou o problema, com a redução do número de passageiros que adotaram o trabalho remoto ou optaram por meios de transporte alternativos, como os aplicativos de transporte.
A situação atual é insustentável. O ciclo vicioso de queda de passageiros – alta das tarifas pode levar o sistema de transporte coletivo ao colapso. É essencial que a cidade conte com um sistema de mobilidade urbana eficiente, e o trânsito não comporta mais carros nas ruas. Os ônibus ainda são fundamentais para o funcionamento da cidade.
A adoção de uma frota elétrica e da tarifa zero serão inevitáveis no futuro. O mundo inteiro caminha neste sentido, e a teimosia em se manter em um formato em crise permanente só vai antecipar o colapso do transporte coletivo. Por enquanto, essas ideias podem parecer utópicas e distantes, mas o futuro é inevitável.
Segundo uma pesquisa da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), até o ano passado mais de 120 cidades brasileiras já adotaram a tarifa zero, a maioria nos últimos anos. A situação de Pelotas é única e não dá para copiar e colar o modelo de outros municípios, mas o exemplo dessas dezenas de cidades pode ser usado como referência para chegarmos a uma solução própria.
Se daqui a 15 anos teremos uma mobilidade urbana moderna e eficiente ou se continuaremos dependendo de ônibus a combustão caros e sucateados, depende do comprometimento da prefeitura, dos vereadores e da sociedade em planejar o futuro da mobilidade urbana com seriedade.