A segunda reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central definiu um novo aumento na taxa básica de juros (Selic), elevando-a de 13,25% para 14,25% ao ano, o maior patamar desde 2016. Esta é a quinta alta consecutiva da Selic, sendo a terceira seguida de 1 ponto percentual.
A medida é uma estratégia para tentar conter a inflação. Segundo o economista Ricardo Aguirre Leal, “para cumprir seu papel de preservar o poder de compra da moeda, o Banco Central eleva a taxa de juros, o que induz uma retração da atividade econômica por meio de diversos canais de transmissão”.
O último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira pelo Banco Central, indica que a projeção de economistas é de que a Selic atinja 15% ao final de 2025, enquanto a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação, está em 5,66%. O órgão projeta uma redução gradual na taxa de juros para 10% ao ano até 2028.
Expectativas do mercado
Segundo Cláudia Lemos, diretora de Economia da Associação Comercial de Pelotas, a decisão do Copom já era amplamente esperada pelo mercado, que projeta um pico da Selic de até 15,50% ao ano nas próximas reuniões. Contudo, no setor existe uma perspectiva de desaceleração da taxa a partir do segundo semestre.
“A atenção do mercado estará voltada para o comunicado do Banco Central, buscando sinais sobre a desaceleração da atividade econômica, o Copom deve sinalizar uma possível redução no ritmo de ajuste da Selic na reunião de maio, então essa comunicação é muito importante”, argumenta.
Cenário geral
Apesar do aperto monetário, Cláudia considera improvável uma recessão econômica ainda neste ano, com “fatores como crédito consignado privado e uma boa safra atuando como suporte”.
Próximos passos e perspectivas
Cláudia estima que caso a atividade econômica dê sinais de desaquecimento mais intenso e a inflação permaneça sob controle, o Banco Central pode adotar uma postura menos restritiva nos próximos meses. “A valorização do real e os sinais mistos na atividade econômica podem influenciar as futuras decisões do Copom”, avalia.
Para Leal, a alta dos juros deverá causar insatisfação no curto prazo, mas é essencial para o equilíbrio econômico do país. “No curto prazo, taxas mais elevadas aumentam os custos para consumidores e investidores que desejam financiar os seus gastos. […] Trata-se de um trade-off entre o curto e o médio prazo: há um custo inicial para corrigir distorções e manter a economia saudável logo adiante”, argumenta.
A expectativa do mercado é de que uma redução mais significativa da Selic ocorra apenas entre 2026 e 2028, conforme apontado pelo Boletim Focus.
O Copom
O Copom se reúne, desde 1996, para definir a taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia). A cada 45 dias, o presidente do BC e diretores da autarquia discutem a evolução e perspectivas da economia no Brasil e no mundo.