Neste domingo completam 15 anos da interdição do Theatro Sete de Abril. Entre idas e vindas, já chegamos à quarta administração municipal e até agora há apenas uma expectativa, que nem é bem uma promessa, de talvez termos de volta ainda em 2025. No entanto, o cenário parece ser um pouco propício para uma futura capa de jornal repetindo a desta edição e trocando apenas o numeral, se a coisa não acelerar.
O Sete de Abril é o grande exemplo de falta de habilidade que se vê em nosso município – para não chamar de coisa pior – de gerir coisas que são tão nossas. Não é aceitável que o nosso cartão postal fique tanto tempo fechado sem ser prioridade. Mesmo que haja a eterna desculpa da pandemia prejudicando, lá se vão pelo menos três anos de normalidade. Não há argumento que justifique tamanha inoperância de tantas pessoas que passaram pela gestão das obras e, até agora, nada.
A atual gestão agiu bem no que diz respeito à transparência da coisa toda. Ainda em janeiro abriu as portas para a imprensa e nesta semana novamente para a nossa reportagem. Com dois meses e meio à frente da administração do teatro, é difícil atribuir a ela uma culpa geral do processo, mas é importante manter cobranças ativas e fiscalização, por meio da mídia, comunidade e vereadores. Recai agora a cobrança de um povo que tem pressa e já não aguenta mais esperar.
Pelotas vive, respira e clama por cultura. Todos os eventos costumam lotar. É lamentável que nossa comunidade não tenha acesso ao seu principal palco público. Um palco histórico, que deveria ser um objeto de desejo e sonho para nossos artistas, tem uma geração inteira que nunca pisou nele. Uma parte significativa da nossa população já não tem memórias afetivas conectadas a acontecimentos no Sete. Crianças que agora já são adultos que não tiveram o privilégio de uma visita escolar para ver um espetáculo que marcou suas vidas.
Isso tudo não tem mais reparação. O que nos resta é exigir que haja agilidade e que tamanha perda para nossa cidade se estanque por aqui. Vai ser uma derrota para todos os pelotenses, de nascimento ou coração, ver, daqui a um ano, estampada uma manchete dizendo que já são 16 anos sem o Sete de Abril.