Calor excessivo e redução na oferta de pastagens diminuem produção de leite

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Calor excessivo e redução na oferta de pastagens diminuem produção de leite

Queda diária registrada pela Emater em 22 municípios está em cerca de 15%

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Calor excessivo e redução na oferta de pastagens diminuem produção de leite
Além das temperaturas, a estiagem dos últimos meses impacta a produção na Zona Sul do RS. (Foto: Fernando Dias)

No Estado, a expectativa da Associação dos Criadores de Gado Holandês (Gadolando) é de que ocorra uma redução diária de até 10% na produção gaúcha de leite devido aos graus extremos de calor, escassez e irregularidade de chuva. Na Zona Sul, a produção leiteira também vem enfrentando desafios para combater o estresse térmico dos animais. Estimativas da Emater em 22 municípios da região apontam diminuição de 15% na produção diária.

A médica veterinária e assistente técnica regional de sistemas de produção animal da Emater, Mara Helena Saalfeld, afirma que a estiagem que atinge a região vem impactando a produção de leite, principalmente devido à redução na oferta de pastagens. “Os produtores estão enfrentando dificuldades para alimentar o gado, o que já resultou em uma queda média de 15% na produção diária de leite”, afirma.

Em Pelotas, a queda varia de 10 a 20% na média, chegando a 25% – 30% nas semanas e dias em que houve um excesso acentuado de calor. Conforme o professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Rogério Bermudes, o forte calor registrado nas últimas semanas, com sensação térmica que passou dos 40 graus, pode ter contribuído para uma queda de até 25% na produção de leite, visto que naturalmente as vacas reduzem o consumo de alimentos nas horas mais quentes do dia, prejudicando sua produtividade.

A produtora Camila Tessmann, com propriedade localizada na Colônia Py Crespo, 3° Distrito de Pelotas, tem uma produção de 1.450 litros diária. “Em dias de extremo calor, tenho em média uma redução de dois a três litros por vaca. A produção ainda não voltou ao normal”, conta. A produtora vem alimentando o rebanho com milho para silagem, cultura que também vem sofrendo com queimaduras de sol.

Conforme o técnico agrícola da Coopar/Pomerano de São Lourenço do Sul, Estevão Kunde, a produção de leite vinha bem no município até meados de fevereiro. “Depois do calorão a produção caiu um pouco. Hoje estamos recebendo cerca de 200 mil litros por dia de 14 municípios da região, sendo 90 mil só de produtores de São Lourenço do Sul. Para a indústria, até agora, a queda não foi muito expressiva”, comenta.

Em 2024, Pelotas contava com 220 produtores de gado leiteiro, responsáveis por um rebanho de 4,7 mil vacas ordenhadas e uma produção anual de 15 milhões de litros de leite. No ano passado, conforme a Emater/RS-Ascar, o RS produziu 104.816.838,00 litros de leite e a expectativa para 2025 é de 104.976.802,00 litros.

Os municípios da Zona Sul foram responsáveis por quase 41% desta produção, com 42.861.718,15 litros. A estimativa para 2025 é de 43.835.373,18 litros. Na região, está localizado o quarto maior produtor de leite do Estado, o município de São Lourenço do Sul.

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