Valor da unidade do Doce de Pelotas passa para R$ 7,50

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Valor da unidade do Doce de Pelotas passa para R$ 7,50

Impulsionado pela alta dos ovos e outros insumos, reajuste anual foi antecipado em um mês, com aumento de R$ 1,00

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Valor da unidade do Doce de Pelotas passa para R$ 7,50
Elevação do preço não afastou consumidores da Rua do Doce. (Foto: Jô Folha)

Em reunião, a Associação dos Produtores de Doces de Pelotas decidiu reajustar em R$ 1,00 o valor da unidade do doce tradicional do Pelotas, que passa a custar R$ 7,50. Impulsionado pela alta do ovo e demais insumos como o açúcar, chocolate e leite condensado, as doceiras anteciparam em um mês a medida que é adotada anualmente em abril. Para quem lida com o produto, a dificuldade em elevar o preço está no risco de queda nas vendas, entretanto, a defasagem está cada vez maior.

A presidente da associação, Simone Maciel Bica, explica que as doceiras já vinham trabalhando com essa defasagem há alguns meses. “Não tivemos como segurar o reajuste até abril por causa do alto valor que a gente já vem meio ‘esgoelado’.” Como a maioria dos doces tradicionais levam ovos – e muitos -, além de ingredientes como nozes, uma iguaria cara, a associação decidiu não fazer valores diferentes. “Se perde um pouquinho em um, se ganha outro pouco no outro, para dar uma emparelhada.”

Fundamental para a receita

As doceiras vêm de um período de queda nas vendas por causa do verão e das ondas de calor de fevereiro e março. “Agora mesmo está muito quente, então o movimento está devagar. Com a chegada do frio e com a Fenadoce se aproximando, vamos aumentar a quantidade de produção e com o preço do ovo elevado, fica difícil de trabalhar”, comenta a doceira Marcia Elisa Carvalho, 46, sendo 25 anos na profissão. Ela conta que compra cem caixas de ovos com 30 dúzias por mês. “Cada receita de no mínimo 40 a 45 doces, tem que usar três cartelas de 30. Vão muitos ovos em todos os nossos doces tradicionais”, cita Márcia. Ela lembra que os preços do açúcar, do coco e do leite condensado também dispararam nas prateleiras.

Zaira Maria, 72, trabalha há mais de 30 anos com doce e percebe que sempre às vésperas da Páscoa há oscilação para mais no preço do ovo. Mas dessa vez, esse aumento veio mais cedo e, para ela, o acréscimo de R$ 1,00 na unidade do doce tradicional não vai cobrir todas as despesas. “Mas se aumentarmos muito, aí a gente não vende. Vai amenizar, mas cobrir não”, dispara. Zaira lembra que o doce não é um alimento que se consome diariamente e, diante de um período de aumentos dos preços em geral, ela teme elevar muito a unidade. “Todos sabem que há uma crise em todos os setores no mundo. Só aqui, na Rua do Doce, quem vem comprar são consumidores que vão em uma loja. As pessoas já começaram a gritar. Mas esse é o impacto.”

Lamento do consumidor

O casal Susane dos Santos Soares, 54, e José Alberto Gomes Soares, 62, percebeu o aumento. Eles lembram de, há um mês, terem pagado R$ 6,50 pelo doce preferido dela: o quindim de nozes. “A gente entende que se o produto que é feito o doce sobe, tem que repor para as doceiras não ficarem no prejuízo”.

Em baixa temporada, Simone usa duas caixas com 30 dúzias por semana. Nos últimos meses ela percebeu uma grande variação no preço da caixa. “Paguei R$ 175,00, R$ 190,00. No período de alta, foi R$ 240,00. Há duas semanas, o valor estava em R$ 350,00”, cita. As doceiras só usam ovos do tipo branco e grandes. Os fornecedores variam desde a compra direta nos macroatacadistas ou representantes. A maioria das doceiras da associação usa ovos que vêm da Serra, principalmente de Alto Feliz.

Mais demanda que oferta

O presidente da Ceasa Pelotas, José Paulo Benemann, explica que há produtores na região, mas a produção é mínima perto da demanda de consumo. Sobre os preços, em fevereiro ele havia anunciado a alta da caixa com 30 dúzias, que estava em R$ 210,00. A mesma quantidade chegou a ser comercializada R$ 260,00 no mesmo mês. Na Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul, a cotação da caixa do ovo branco em 10 de janeiro de 2025 estava em R$ 170,00. No dia 7 deste mês, R$ 240,00. Um aumento de 41,17%.

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