Dois casos de sífilis por dia foram registrados, em média, no ano passado em Pelotas. A doença, que pode ter repercussões graves, inclusive neurológicas e cardiovasculares, é transmitida sexualmente.
Temos hoje uma geração de jovens e adultos que felizmente não viveu os dramas e o horror da Aids matando pessoas aos montes e, talvez por isso, falta a percepção da importância do uso de preservativos para evitar doenças e não apenas gravidez.
É necessário debater saúde sexual sem tabus ou preconceitos. São diversas as doenças que podem ser transmitidas a partir de uma relação sexual sem proteção e, com a popularização de medidas anticoncepcionais e a dádiva de medicações pré e pós-exposições, muitas pessoas acabam abdicando do uso de camisinha. O jovem precisa aprender em casa e na escola sobre a importância desse cuidado.
Vivemos em uma era mais moralista do que há alguns anos, mas isso não é motivo para que os temas não sejam debatidos abertamente. Mais do que uma questão comportamental, é um tema urgente para a saúde pública.
Há, aliás, uma dualidade inaceitável na maneira como nossa sociedade lida com saúde em geral. Ao mesmo tempo em que temos todo o conhecimento do mundo disponível na palma da mão, estamos vendo índices de doenças sexualmente transmissíveis aumentar e de vacinação cair – embora tenha, felizmente, dado um sinal de recuperação recentemente.
Investir em educação sobre saúde reduz, a médio e longo prazo, justamente a demanda por saúde. Uma sociedade formada com conhecimento sobre doenças e maneiras de evitá-las ou preveni-las, sejam sexuais ou não, demanda menos uso da rede médica, é mais longeva, mais saudável e tem qualidade de vida. Mas tudo isso passa pelo saber.
É preciso ensinar as novas gerações e frutos serão colhidos no futuro. No presente, é urgente pensar em reverter os cenários citados acima.