O cuidado com a saúde das mulheres exige atenção a necessidades específicas, respeitando as diversidades e diferentes momentos da vida.
Apesar de constituírem a maior parte da população brasileira, as preocupações com a saúde da mulher só foram incorporadas às políticas nacionais de saúde nas décadas iniciais do século 20. Antes disso, as questões relacionadas à saúde feminina restringiam-se à gestação e ao parto.
Foi a partir da década de 1950 que novas necessidades passaram a ser atendidas, como os cuidados com o planejamento familiar e o período anterior à concepção.
Nos anos seguintes, surgiram diretrizes voltadas a grupos vulneráveis e ao atendimento de outras demandas, incluindo direitos sexuais e reprodutivos.
Desde então, a abordagem da saúde integral da mulher tem ganhado espaço. De acordo com Marcelo Sclowitz, professor e coordenador do Núcleo de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), esse cuidado abrange prevenção, promoção, tratamento e recuperação da saúde, garantindo acesso equitativo e de qualidade aos serviços de saúde.
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres (PNAISM), proposta pelo Ministério da Saúde, visa promover a atenção completa à saúde feminina. “Como exemplo dessas políticas, temos o lançamento recente da Rede Alyne, programa que busca reduzir a mortalidade materna em todo o Brasil”, informa o professor.
Ele ainda destaca que, em Pelotas, não houve nenhum óbito materno em 2023 e 2024, reflexo dessa iniciativa, anteriormente chamada Rede Cegonha.
Cuidados diferenciados em cada etapa
Os cuidados com a saúde feminina podem ser divididos em três fases principais: adolescência, idade adulta (fase reprodutiva) e terceira idade.
Conforme Sclowitz, na adolescência, as principais orientações incluem alimentação equilibrada, prática de atividades físicas, higiene pessoal, atenção à saúde emocional e sexual.
“Nesta fase, é essencial iniciar a educação sobre contracepção, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, uso de preservativos e vacinação contra o HPV”, explica.
Na idade adulta, recomenda-se a realização periódica de consultas e exames, como o preventivo do câncer de colo do útero, exames para prevenção do câncer de mama, orientações sobre contracepção e planejamento gestacional, além da assistência pré-natal.
Durante o climatério, fase que antecede a menopausa, ocorrem mudanças que podem impactar a qualidade de vida, como irregularidade menstrual, ondas de calor, alterações de humor e sono, diminuição da libido e dificuldades nas relações sexuais.
Na terceira idade, cresce a frequência de patologias e a necessidade de acompanhamento médico. Cuidados preventivos adotados anteriormente podem garantir uma velhice mais saudável, e o suporte psicológico e social torna-se ainda mais relevante.
Sclowitz destaca que doenças como hipertensão, diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares são frequentes em ambos os sexos. O câncer de mama é a neoplasia maligna feminina mais comum, enquanto o câncer de colo do útero ocupa o terceiro lugar. “A maioria dos cânceres pode ser prevenida ou diagnosticada precocemente, aumentando as chances de cura”, afirma.
A depressão, que afeta cerca de 15% da população, é duas vezes mais frequente em mulheres. O apoio médico, psicológico e familiar é essencial para minimizar os impactos da doença.
Aspectos sociais
Fatores socioeconômicos impactam diretamente a saúde das mulheres. O acesso a consultas, exames e tratamentos ainda enfrenta barreiras, como distância dos serviços de saúde e burocracia.
“É essencial melhorar o acesso e implementar mudanças para garantir um atendimento de qualidade”, conclui Sclowitz.
Principais doenças femininas
Segundo a Cartilha Saúde da Mulher, do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, as dez doenças mais comuns entre as mulheres são:
- Depressão
- Câncer de colo do útero
- Doenças cardíacas
- Câncer de mama
- Câncer de cólon e reto
- Trombose
- Cistite
- Endometriose
- Osteoporose
- Vaginite