Nascida em Rio Grande e moradora do Canadá desde a infância, Nicole Silveira conquistou um inédito quarto lugar no Mundial de skeleton, em Lake Placid, Estados Unidos, na sexta-feira (7). Foi o melhor resultado de todos os tempos do Brasil em mundiais de esportes olímpicos de inverno. Ela superou o feito de Isabel Clark que, em 2001, ficou em 12º no Mundial de snowboard.
“Ainda estou processando, estou sem palavras. É muito surreal conseguir isso. Eu cheguei nessa competição tentando só focar nas descidas, no meu push e fazer o meu melhor sem ter pressão nenhuma com o resultado. Nunca imaginaria ter conseguido um quarto lugar”, confessou Nicole.
O resultado histórico veio com um tempo total de 3min41s23, após quatro descidas na pista de Lake Placid. Nas baterias iniciais, na quinta-feira, Nicole fez 55s76 na primeira descida e melhorou para 55s44, na segunda descida.
Nesta sexta, último dia de competição, ela fez seu melhor tempo na competição, com 54s89 na terceira descida. Na quarta e última, Nicole anotou 55s14, fechando o somatório em 3min41s23.
A medalha de ouro ficou com Kimberley Bos, da Holanda. Após fazer 54s70 na última descida, a medalhista olímpica terminou com um tempo total de 3min40s06. Mystique Ro, dos Estados Unidos, foi a segunda colocada com 3min40s73. A tcheca Anna Fernstaedt fez 3min40s81 e levou a medalha de bronze.
Auge da carreira
O quarto lugar no Mundial coroa a melhor temporada da carreira de Nicole Silveira em que ela conquistou outros resultados inéditos para o Brasil, como o título pan-americano – na pista de Lake Placid – e dois bronzes em etapas de Copa do Mundo (Pyengchang e St Mortiz) que a colocaram em quarto lugar no ranking mundial da modalidade.
“Foi manter o foco, minha cabeça, a visão reta para conseguir fazer as descidas. Essa última tirou tudo o que eu tinha de mim e eu consegui ter uma das minhas melhores descidas. Eu tinha confiança, pois estive nessa pista, em Lake Placid, um mês atrás”, contou.
O skeleton
Na modalidade, o atleta se lança em um trenó composto por metal e plástico e desce de cabeça a pista. Os equipamentos necessários são um capacete de fibra de vidro, uma sapatilha com mini-agulhas na sola para dar tração durante a largada e um speed suit, espécie de macacão cujo tecido é feito para evitar atrito.
Assim como o bobsled, a origem do esporte remonta ao século 19, com a popularização dos trenós como meio de transporte em montanhas. Alemanha, Áustria, Suíça, Reino Unido e Canadá são alguns dos países que se destacam nas principais competições internacionais, mas a modalidade vem se expandindo a outras nações, como Coreia do Sul, Austrália e o próprio Brasil.
Cada pista tem um trajeto diferente, com sinuosidade e comprimento específicos. A posição do corpo e os movimentos com a cabeça e o ombro, além da pressão feita nas placas do trenó, vão direcionando o atleta.