“Ninguém nasce racista, as pessoas são ensinadas”
Edição 18 de fevereiro de 2025 Edição impressa

Quarta-Feira26 de Fevereiro de 2025

Abre aspas

“Ninguém nasce racista, as pessoas são ensinadas”

Antonio Ricardo Correa Candiota representa o Movimento Negro Raízes em Pelotas

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“Ninguém nasce racista, as pessoas são ensinadas”
Antonio Ricardo é formado em Educação Física. (Foto: Bárbara Vencato)

O Movimento Negro Raízes nasceu em 2018 na cidade de Bento Gonçalves e em 2023 estendeu um ramo de atuação para Pelotas. Dessa forma, o professor Antonio Ricardo Correa Candiota foi nomeado para representar o grupo na região sul do Estado. Ricardo é licenciado em Educação Física e Desporto pela UFPel e possui mestrado em Atividades Físicas e Saúde pela Uneatlântico, a Espanha. Engajado na luta antirracista, ele é membro do colegiado do Fórum Permanente da Diversidade Étnico Racial do RS e do Levante Pelotense Negro contra o Racismo.

Qual o objetivo do Movimento Negro Raízes?

A primeira coisa é trabalhar as pautas antirracistas. Por isso, logo que a nova gestão assumiu, fiz uma visita à vice-prefeita Daniela (Brizolara, PSOL) para apresentar o movimento e me colocar à disposição para auxiliar no que for necessário, principalmente agora com a criação da Secretaria de Igualdade Racial. Somado a isso, também estou conversando com o Mauro Del Pino, Secretário de Educação, nos colocando à disposição para formar parcerias e trabalhar junto às escolas ou qualquer outro tipo de instituição. Penso nas escolas porque elas são a gênese, o início de tudo, tem que começar a falar para criançada desde a pré-escola, porque ninguém nasce racista, as pessoas são ensinadas.

Como funcionam as orientações?

Eu vejo que os professores não estão instruídos para lidar com situações de racismo. Ano passado, em função do 20 de novembro, primeiro ano que foi feriado nacional, eu fui convidado para fazer algumas falas nas escolas e os professores me perguntavam: ‘O que eu faço se tiver um ato de racismo dentro da minha sala de aula?’ Foi aí que tive certeza que eles não sabiam como agir, quem os respalda, qual é o marco legal que eles têm para tomar uma atitude e não ser punidos. É com a intenção de respaldar os professores, alunos e quem mais desejar entender melhor, que trabalhamos as pautas antirracistas. Importante esclarecer também que nossa atuação não se limita às escolas, qualquer instituição, pública ou privada que deseja trabalhar essa temática pode nos procurar.

Quais ações vocês estão fazendo?

No final do ano passado fui convidado por um grupo de estudantes quilombolas da Universidade Federal para participar de uma roda de conversa sobre racismo estrutural. Esse grupo é muito unido e procura estar sempre fazendo formações que possibilitem aos outros estudantes também conhecer mais sobre os assuntos que eles tratam. Nesse dia eu descobri que a quantidade de quilombos que tem aqui no extremo sul é impressionante. Eles foram lá para nos ouvir e nós que aprendemos com eles.

Como fazer parte do movimento?

Quem quiser é só chegar. Não tem processo seletivo nenhum. Estando dentro do nosso escopo é tranquilo. Pode entrar em contato comigo pelo telefone (53) 99144-3926.

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