Fechada há mais de cinco anos, a Exedra da Catedral Anglicana do Redentor começa a passar por processo de restauração. O prédio, inaugurado em 1922 como Casa Pastoral, teve vários usos sociais ao longo das décadas, como por exemplo, abrigo para os desalojados pela enchente de 1941. Porém o madeiramento que segura o telhado deu sinais de deterioramento e o local precisou ser interditado. Agora, com recursos do Pró-Cultura RS, por meio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Estado da Cultura, o local será recuperado e ganhará acessibilidade.
A obra no prédio construído no mesmo terreno da Catedral começou no dia 3 deste mês. O projeto é da arquiteta Adriana Pagliani Ansa e a empresa Maximise Engenharia, de Pelotas, é a executora. O recurso aplicado, via PAC, tem o valor de R$ 1.677.456,27 e o período de execução é de 3 de fevereiro até 25 de junho do próximo ano, informa a produtora Josiele Castro, da Santa Fé Produtora & Patrimônio, responsável pelo restauro, mas a intenção é que tudo seja finalizado em 12 meses.
A bispa da Diocese anglicana de Pelotas, Meriglei Borges Silva Simim, diz que é uma alegria ver o início da desejada obra. “A Exedra faz parte da vida desta igreja, agora em maio ela completa 123 anos e tem uma história na vida e na cultura de Pelotas também”, diz.
Segundo a bispa, o antigo prédio foi palco de muitos concertos, chás, festas e eventos e palco da pastoral. Era lá também que se reuniam as Abelhas, um grupo de mulheres cristãs, criado há 100 anos, que faz diferentes ações em favor da comunidade. “A Catedral do Redentor e a Exedra não são exclusivamente um patrimônio da comunidade anglicana do Brasil, mas sim da cidade de Pelotas, tanto é que a Igreja ‘Cabeluda’, como é carinhosamente chamada, é cartão postal. Estamos radiantes, é a realização de um sonho”, fala Meriglei.
Essa obra integra o projeto Restauro da Catedral Anglicana do Redentor – Etapa inicial da Exedra. Agora a produtora prepara um outro para o restauro também da cobertura do templo. “Esse é um passo que estamos agilizando”, antecipa a bispa.
Além dos projetos sociais, a Exedra é um local que traz recursos financeiros para a própria igreja, através do aluguel para eventos. “Porém, quando o projeto chegar à cobertura da Catedral, as celebrações irão para lá, com segurança e acessibilidade”, fala Josiele.
Uma cobertura nova
De acordo com o projeto, a cobertura da Exedra será totalmente refeita. “Com o mesmo tipo de telha francesa”, fala a produtora. Josiele diz que as telhas atuais estão porosas e como existe no mercado modelo igual para substituição, é mais vantajoso trocar.
Sobre o fato de o prédio integrar o Conjunto Histórico de Pelotas tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a produtora garante que a substituição das telhas antigas por um mesmo modelo atual foi aprovada pelo Iphan. “Assim a gente dá uma vida útil muito maior ao telhado”, explica.
O projeto ainda prevê a restauração paliativa das áreas mais críticas do piso em madeira, benfeitorias em revestimentos de paredes e janelas da cozinha e adequação do sistema hidrossanitário e instalações elétricas.
Anexo ao prédio centenário há uma cozinha que foi construída posteriormente. Essa área será modificada e ganhará acesso para diferentes públicos e banheiros para pessoas com deficiência. “Será feita rampa de acessibilidade pelo lado de fora”, acrescenta a produtora.
Para a comunidade
Além da obra em si, o projeto da Santa Fé programou uma série de atividades que envolvem a educação patrimonial. Serão dez encontros com crianças das terceiras séries de escolas do município, que vão fazer atividades sobre patrimônio. Também foram projetadas ações com estudantes universitários de áreas afins. Essas atividades serão conduzidas pelas conservadoras restauradoras Isabel Torino e Flávia Faro, da Coisa Nossa Restauração.
Ainda serão agendadas dez visitas de integrantes dos Conselhos do Idoso, da Criança e do Adolescente e da Pessoa com Deficiência. “Também vamos ter uma réplica tátil da Catedral”, explica Josiele.
Junto com este material a Santa Fé está produzindo um audiovisual, no qual personifica a Catedral. No roteiro, o patrimônio é quem conta a sua história. “Trazendo uma visão do que se pode entender por patrimônio no sentido de pertencimento. Como se o prédio falasse com as pessoas”, antecipa a produtora.