Com o retorno das aulas em alguns colégios particulares nesta semana, alunos começam a experimentar a aplicação da lei federal que proíbe o uso de celulares nas salas de aula. Ainda faltam esclarecimentos do governo para as escolas sobre como fiscalizar e fazer cumprir a lei de forma correta. Por isso, cada uma tem aderido padrões próprios.
Os pais veem a medida como essencial. Gabriela Melo é mãe de uma estudante do sétimo ano do ensino fundamental. Ela conta que a filha não gostou da ação, mas como mãe acredita que é muito válido para que ela mantenha a concentração na aula. “E como pode antes de começar e depois que termina a aula, eu nem me preocupo muito”, afirma.
Leandro Quintana, além de pai, também é professor e identifica uma dispersão muito grande quando os alunos estão com os celulares, por isso ele também acredita que a própria restrição e alguns momentos de não uso do celular podem ser benéficos para todos.
Alunos opinam
Agatha Martins é aluna do último ano do ensino fundamental. Ela acredita que vai ser muito vantajoso para todos. Já nesse primeiro dia, mesmo com a flexibilidade da escola, muitos alunos não levaram ou não utilizaram o celular. “Todo mundo estava prestando atenção e fazendo perguntas”, conclui Agatha.
O jovem Pedro também é aluno das séries finais e crê em outras possibilidades para estimular essa diminuição do uso do aparelho, como a conscientização dos alunos. Lais e Isadora seguem nessa mesma linha, mas afirmam que já foi melhor nesse primeiro dia e apostam nos benefícios do aumento da concentração a longo prazo.
Experiência que deu certo
Vinícius Vargas é vice-diretor de uma escola particular e conta que a restrição do uso de celulares já é uma prática aplicada desde julho do ano passado. No início, alguns pais e alunos foram resistentes, mas passado algum tempo ele começou a receber diversos relatos de alunos que aprovaram a medida. “Num segundo momento, uma menina do sexto ano chegou e me agradeceu porque agora eles se enxergavam em sala de aula. Fiquei muito contente”, afirma Vargas, que na época era coordenador dos anos finais do ensino fundamental.
Ele coloca que depois desta medida, mesmo podendo usar no intervalo, muitos alunos começaram a fazer outras atividades e brincadeiras que não eram vistas no dia a dia da escola. Vargas ainda aponta que a adaptação dos pais também é muito importante. Ele relata que muitas vezes os pais entravam em contato direto com os filhos, sem avisar a escola de uma possível saída antes do previsto e, com esta medida, atitudes como esta não poderão mais ocorrer. “Por isso, a escola fornece o telefone para que o pai se sinta seguro de nos ligar. Porque o inverso não é legal, atrapalha a aula e o processo como um todo”.