O Carnaval de rua de Pelotas está se fortalecendo a cada ano, com blocos e cordões que resgatam tradições centenárias e promovem novas experiências musicais e culturais. Cordões, blocos e coletivos mostram a diversidade da festa na cidade, cada um com sua identidade e forma de organização.
Neste ano, a prefeitura de Pelotas está trabalhando em conjunto com a Liga dos Blocos e Cordões Carnavalescos para garantir a estrutura e o suporte necessário para os desfiles e apresentações dos grupos carnavalescos. A secretária de Cultura, Carmem Vera Roig, destaca a importância dessa organização conjunta. Ela afirma estar muito contente com o trabalho da Liga e afirma que a prefeitura está trabalhando transversalmente envolvendo as Secretarias de Transporte e Trânsito, de Turismo e de Cultura.
Segundo ela, a estrutura organizada permite um Carnaval espalhado por toda a cidade, garantindo que todos possam aproveitar. “A gente está muito feliz com a Liga, porque o que queremos é que a cidade toda se divirta com alegria e segurança”, afirma.
A Liga dos Blocos de Rua e Cordões Carnavalescos de Pelotas
Jacqueline Santos, presidente da Liga dos Blocos e Cordões Carnavalescos de Pelotas, e Kitanji Nogueira, responsável pela produção e captação de recursos, explicam como a ideia da Liga surgiu. “A Liga foi pensada por amigos que perceberam a necessidade de ter uma organização mais efetiva no Carnaval de Rua da cidade”, afirma Kitanji.
Em 2024, aconteceu o primeiro Carnaval com a Liga, com 37 desfiles e 50 blocos participantes. Em 2025, são 60 blocos associados. A avaliação do grupo é que a criação da Liga trouxe uma estrutura mais organizada e segura para o Carnaval de rua, com a participação de blocos, cordões e uma gestão mais eficaz dos desfiles.
Apesar de ter se organizado com o apoio de grupos de amigos e familiares, ainda há a busca por mais apoio institucional, especialmente do poder público. Jacqueline explica que a entidade recebe apoio através das emendas impositivas dos vereadores. Para este carnaval foram mais de R$ 350 mil advindos de 16 vereadores. O comércio local também apoia, porém, as diretoras ressaltam que ainda precisam de mais participação das empresas.
A organização do carnaval
O grupo tem trabalhado intensamente para organizar cada detalhe, desde a estruturação dos desfiles até a garantia de um ambiente seguro para os foliões. Elas destacam a criação das áreas seguras para pessoas com deficiência e para mulheres vítimas de importunação, além de garantir a segurança e a organização dos desfiles. A entidade também está fazendo parcerias com fornecedores locais para garantir a produção de abadás, bebidas e materiais de infraestrutura, como banheiros químicos e seguranças.
Os blocos e cordões
Uma das grandes novidades deste ano é o retorno do cordão carnavalesco Fica Ahí Pra Ir Dizendo. Fundado em 1921, o grupo deixou de desfilar como cordão em 1953 e passou a atuar como clube cultural, promovendo atividades educacionais e culturais além do Carnaval. Agora, mais de 70 anos depois, o cordão volta às ruas, mantendo o formato tradicional das marchinhas.
Luana Costa, diretora do grupo, explica que a organização conta com cinco diretores na comissão e com a ajuda da Liga dos Blocos e Cordões Carnavalescos. Os abadás custam R$ 30 e podem ser adquiridos pelas redes sociais ou diretamente pelo número (53) 9144-3374.
Outro destaque do Carnaval pelotense é o Bloco Lunáticos, que surgiu de oficinas de percussão promovidas por Renato Popó, um dos fundadores do grupo. Com um foco forte na participação feminina, o bloco se diferencia por não realizar cortejos tradicionais, mas sim eventos fixos na cidade. “Nosso bloco costuma ficar parado em um local. A gente monta um palco na rua, fecha o espaço e faz a festa lá. Neste ano, temos três datas confirmadas: 16 e 23 de fevereiro e 9 de março, na Fábrica Roca”, explica Popó.
Já a BatuCantada, coletivo de percussão formado exclusivamente por mulheres, se destaca por sua proposta política e social. Com uma bateria de mais de 60 integrantes, o grupo escolheu não desfilar durante os dias oficiais do Carnaval, priorizando sua apresentação no Dia Internacional da Mulher, 8 de março. “Optamos por sair no dia 8 de março para evidenciar a luta das mulheres por igualdade de gênero e contra todas as formas de violência e discriminação”, explica Vanessa Ramos, integrante do coletivo.