A paralisação dos médicos da Santa Casa do Rio Grande continua por tempo indeterminado, impactando os atendimentos eletivos na instituição. A principal razão para a suspensão das atividades é o atraso nos pagamentos, que já ultrapassam os R$ 7 milhões e afetam cerca de 90 profissionais.
Atualmente, apenas os serviços de urgência e oncologia seguem mantidos normalmente. O restante das atividades cirúrgicas está, desde 10 de janeiro, com alguma restrição nos atendimentos, prejudicando pacientes que aguardam procedimentos.
Zona Sul em alerta
A crise na Santa Casa do Rio Grande preocupa outros municípios da região que têm a instituição como referência em mais de 15 especialidades.
“A Santa Casa do Rio Grande já vem com problemas há muitos anos, ela está sempre em colapso financeiro. Isso vem prejudicando os municípios onde a sua referência está estabelecida em Rio Grande”, comenta o prefeito Ronaldo Madruga (PP), de Pinheiro Machado, onde cerca de 150 pessoas aguardam na fila de espera do hospital.
Madruga destaca que os hospitais de referência e as alternativas para eles serão pauta da próxima reunião da Associação dos Prefeitos da Zona Sul (Azonasul).
Alta demanda
A maior demanda da instituição é na área de traumatologia, com cerca de 900 pacientes na fila de espera. De acordo com a Santa Casa, são realizadas cerca de 80 cirurgias mensais.
Em pronunciamento, a Santa Casa garante que o atendimento traumatológico realizado é superior ao previsto em contrato – 66 cirurgias mensais -, enquanto “as demais especialidades são atendidas de forma eletiva, cumprindo todos os termos estabelecidos”.
À espera do pagamento
O pagamento dos débitos depende da assinatura de um Termo de Compromisso entre a instituição, a Portos RS e o Ministério Público, o qual prevê um empréstimo superior a R$ 14 milhões. No entanto, o processo burocrático para a liberação desses recursos ainda está em andamento, sem previsão concreta de assinatura do contrato.
Segundo a autoridade portuária, os valores fazem parte de um fundo ambiental e serão pagos mensalmente pela prefeitura, mas a Santa Casa ainda precisa cumprir algumas exigências documentais.
O Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (Simers) alerta que, mesmo com a promessa de repasse financeiro, o pagamento não será imediato. O presidente do Simers, Marcelo Matias, explica que a instituição ainda não possui todos os documentos requisitados pelo Ministério Público, o que pode retardar a quitação dos salários em pelo menos mais 10 dias. “Não existe nenhuma justificativa para os médicos seguirem trabalhando sem receber”, declarou Matias, em entrevista recente ao A Hora do Sul.
Alternativas de renda
Uma parceria entre a Ecosul e a Santa Casa de Rio Grande e de Pelotas pode resultar em uma importante alternativa de renda para as instituições. A campanha Troco Solidário, realizada em todas as praças de pedágio da região, permite que os motoristas destinem o valor excedente da tarifa para um dos hospitais.
Os valores arrecadados mensalmente serão repassados integralmente às instituições beneficiadas, com o compromisso da prestação de contas anuais por parte das entidades de saúde. O montante será utilizado para a compra de medicamentos, aquisição de equipamentos e materiais, bem como outras necessidades essenciais para os atendimentos médico-hospitalares.