Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estará em Rio Grande no dia 17 de fevereiro e lideranças da região se articulam para apresentar demandas ao presidente. Em sua primeira visita à região neste governo, Lula virá para acompanhar a assinatura do contrato de retomada do Estaleiro Rio Grande, da Ecovix, que irá construir quatro navios até 2028. A expectativa é de que ele também anuncie novos investimentos na região.
Apesar da pauta positiva, Lula virá à Zona Sul em um momento de pressão da metade sul do Rio Grande do Sul ao governo federal. Além de desafios como a situação da usina termelétrica de Candiota e a possibilidade de novas praças de pedágio na BR-116, pontes entre Rio Grande e São José do Norte e no Canal São Gonçalo e o projeto de termelétrica em Rio Grande devem ser listados em documento que será elaborado por entidades da região.
O coordenador do movimento Aliança Rio Grande e vice-presidente de Infraestrutura da Federasul, Antônio Carlos Bacchieri, vê a visita de Lula como uma oportunidade de dar andamento ao projeto da termelétrica a gás em Rio Grande. “É o momento de o presidente da República dar um presente a Rio Grande e à região Sul, até em função da vitória nas urnas aqui no Sul, em Pelotas, Rio Grande, Bagé, São Lourenço do Sul”, afirma, se referindo aos municípios em que foram eleitos prefeitos do PT.
Bacchieri também considera que será uma oportunidade de pedir ao presidente que dê andamento ao projeto de ligação a seco entre Rio Grande e São José do Norte. “É a hora de reivindicar essa obra, que é importantíssima, até porque ele vai anunciar a nova ponte de Jaguarão para Rio Branco. Seria uma redenção para a Zona Sul, para o litoral sul, e uma ligação para Porto Alegre. Quando houve a enchente, ficamos ilhados e não tinha como chegar em Porto Alegre, e quem tem uma estrada não tem nenhuma”, afirma.
Ato político
O deputado federal Daniel Trzeciak (PSDB) afirma que as articulações da região não dependem da vinda do presidente à região e cobra que a visita não seja um ato político. “Que não seja como das outras oportunidades, em que a aparição rápida do presidente no Estado serviu apenas para palanque e promessas vazias, que hoje estamos vendo que não se concretizaram da maneira como prometido”, disse.
Na mesma linha, o presidente da Aliança Pelotas, Jorge Almeida, vê a vinda de Lula à região como uma visita política e espera que seja uma oportunidade de cobrar ações do governo para a Zona Sul. “Essa visita é mais para ter algum tipo de ganho político, para dizer que a região está tendo um tratamento diferenciado, mas sabemos que não é bem assim, porque o próprio governo estadual tem alertado que os recursos que estão vindo são a conta-gotas”, afirma.
Por outro lado, o deputado Alexandre Lindenmeyer (PT), um dos articuladores da agenda, classifica a visita de Lula a Rio Grande como emblemática. “Simboliza a retomada do Estaleiro Rio Grande para a sua finalidade, que é a construção de embarcações. Também representará um novo momento à indústria naval brasileira”, disse.
Algumas demandas da região
- Segunda ponte do Canal São Gonçalo
Restauração da antiga ponte Alberto Pasqualini para facilitar o escoamento de produção e o acesso ao Porto de Rio Grande. Projeto está no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit)
- Ligação Rio Grande – São José do Norte
Ponte entre as cidades traria uma nova opção de acesso da região sul à região metropolitana através da BR-101. Expectativa é de que o projeto seja licitado ainda este mês.
- Conclusão do lote 4 da BR-392
Conclusão das obras no trecho vão facilitar o acesso de caminhões ao Porto de Rio Grande. Obras estão paralisadas há cerca de dez anos.
- Novas praças de pedágio
Na semana passada, o Ministério dos Transportes anunciou a criação de duas novas praças de pedágio na BR-116 entre Camaquã e Porto Alegre, além das já existentes no Polo Rodoviário Pelotas. Lideranças políticas e empresariais da região já se articulam para impedir a medida.
- Usina termelétrica a gás em Rio Grande
Projeto de usina termelétrica a gás natural liquefeito, orçado em R$ 6 bilhões, está paralisado desde 2017 e foi arquivado na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Tema pode ter avanços com a criação de uma câmara temática de negociação no Tribunal de Contas da União (TCU), ainda este ano.
- Candiota 3
Usina termelétrica a carvão de Candiota foi desativada em 1º de janeiro. Região quer sensibilizar o governo federal para prorrogar o contrato para a compra de energia, prorrogando a transição energética no município que tem economia dependente do carvão.