Flávio Demarco concluiu, neste ano, seu mandato como Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Com uma carreira acadêmica notável, ele possui graduação em Odontologia pela UFPel (1989) e doutorado em Odontologia (Dentística) pela Universidade de São Paulo (1998). Atualmente, é Professor Titular na UFPel, atuando no Curso de Graduação em Odontologia e como docente permanente dos Programas de Pós-Graduação em Odontologia e Epidemiologia. Sua experiência abrange estudos epidemiológicos e clínicos de saúde bucal, sendo reconhecido como bolsista de produtividade em Pesquisa nível 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Como você avalia seu período à frente da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPel?
Foi um dos períodos mais longos da pró-reitoria, que foi criada em 1977. Fiquei à frente dela por oito anos, especialmente em um período bastante difícil para a ciência e tecnologia no Brasil, que coincidiu com o governo Bolsonaro e a pandemia. Houve uma grande restrição de recursos. Apesar dessas dificuldades, foi um período de consolidação da pesquisa e da pós-graduação na UFPel. Assim, mesmo diante dos desafios, houve um crescimento significativo nas atividades de pesquisa e pós-graduação.
Quais foram os principais avanços e desafios enfrentados durante sua gestão?
Os desafios foram o fechamento de laboratórios e as atividades remotas, na pandemia. E o discurso anti-ciência do governo, que reduziu significativamente os valores de financiamento da pesquisa e da pós-graduação. Entre os principais avanços, estão a constante evolução da qualificação da pós-graduação, a inclusão de cotas para pessoas pretas e pardas, PcDs e pessoas trans. A gente também foi uma das 36 universidades brasileiras a ganhar o programa de internacionalização da universidade, ampliando a visibilidade internacional. Aumentamos as bolsas de mestrado e doutorado: quase 60% dos nossos alunos de pós-graduação recebem bolsas. Em 2022, a UFPel ganhou prêmio de destaque institucional do CNPq como melhor programa de bolsas de iniciação científica e tecnológica do país. A nossa nota média para os programas de pós-graduação passou de 3,8 (2013) para 4,6 (2024) e 90% dos nossos cursos têm nível de doutorado.
A partir de agora, quais são seus próximos planos na universidade e na área de pesquisa?
Recentemente, recebi um financiamento do CNPq, no valor de R$ 13,6 milhões, para estudar o impacto da genômica. Esse estudo será realizado com a coorte de idosos do “Como Vai?”. Nosso objetivo é investigar como a genômica influencia o desenvolvimento de doenças crônicas. O projeto será desenvolvido ao longo dos próximos três anos. Também submeti um projeto para um Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), voltado ao uso de inteligência artificial (IA) para o envelhecimento saudável. Além disso, buscamos desenvolver aplicativos para o Sistema Único de Saúde (SUS) que auxiliem os profissionais da atenção básica a estimar o risco de cada indivíduo para essas condições.