Voluntários restauram fotos de vítimas das enchentes

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Voluntários restauram fotos de vítimas das enchentes

Processo digital feito pela UFPel e IFs de Pelotas e Lajeado devolve às pessoas a possibilidade de terem suas lembranças salvas

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Voluntários restauram fotos de vítimas das enchentes
Equipes já recuperaram cerca de 60 imagens de Pelotas, Canoas e Cruzeiro do Sul. (Foto: Jô Folha)

Seis professoras, 40 voluntários e um desejo: dedicar seus conhecimentos a ajudar a recuperar as memórias importantes para as vítimas das enchentes no Estado. Assim nasceu o projeto Quero Minha Foto de Volta, iniciativa que restaura digitalmente de forma gratuita fotografias danificadas pela água, lama ou outra avaria causada pelas cheias. Em vigor há apenas duas semanas, já foram 60 imagens recuperadas entre as cidades de Pelotas, Canoas e Cruzeiro do Sul. O trabalho é realizado em conjunto entre a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), e os Institutos Federais (IFs) de Pelotas e Lajeado.

As fotos são restauradas digitalmente. Dessa forma, os interessados no serviço devem enviar uma foto da imagem que desejam recuperar para que com softwares de edição, elas possam ser reparadas. Após o trabalho, as pessoas podem revelar novamente as fotos. “Algumas pessoas estão confundindo e achando que a gente vai restaurar a fotografia física, como não é a nossa área de conhecimento, restauração e conservação, a nossa proposta é a recuperação digital”, explica a professora Chris Ramil, da UFPel.

Uma foto de irmãs, de um casamento ou a única lembrança que restou de um pai. Esses são apenas alguns exemplos das fotografias que chegaram até o Centro de Artes da UFPel para serem recuperadas pela equipe dos cursos de Design. De acordo com as docentes, promover a ressignificação das memórias eternizadas em registros, sem a lembrança dos danos da enchente, e contribuir com a comunidade são os principais propósitos do projeto.

“Para que mantenham viva a memória daquele momento em que foram tiradas”, diz a professora Thais Cristina Sehn.

No início da semana, um lote de fotos de Cruzeiro do Sul deverá chegar para a recuperação. Isso porque a equipe de Pelotas trabalha com a professora Janaina Schvambach, do IF de Lajeado. Lá no campus ela recebe fisicamente as imagens de todo o Vale do Taquari, digitaliza e envia para o restauro dos designers. “Uma pessoa de Cruzeiro do Sul que mandou várias e são de casamento, de crianças pequenas, de aniversários, momentos de família”, diz Thais. A docente conta ainda que recentemente o projeto recebeu a demanda de uma foto que era a única que uma filha tinha do pai que havia falecido há poucos dias.

Projeto a longo prazo

O trabalho do Quero Minha Foto de Volta se estenderá até maio do ano que vem para que o projeto consiga auxiliar o máximo de pessoas possíveis de cidades de todo o Estado que foram atingidas tanto pela enchente de 2024 quanto de 2023. “Com dificuldades as pessoas vão adquirindo móveis, eletrodomésticos, mas as fotografias a gente não tem como voltar ao passado. Aquelas memórias são únicas, não tem como substituir”, ressalta Chris. Já a professora do IFSul Renata Porto explica que o período de duração do projeto também serve para que as pessoas se organizem e separem as fotos. “Até porque as pessoas estão começando a se recuperar”.

Atividade de extensão auxilia na formação de alunos da área do design. (Foto: Jô Folha)

Recuperação

As docentes pedem para que as pessoas que tiveram suas fotos danificadas que não as coloquem fora, pois elas ainda podem ser restauradas. Para enviar suas memórias, é necessário acessar o site e seguir o passo a passo para o envio. Além disso, o projeto também tem perfil no Instagram: @querominhafotodevolta. Lá é possível conferir como o trabalho é realizado.

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