Nesta semana ocorreu a apresentação da Suíte Pelotas, uma descrição poética da cidade, no Theatro Guarany, durante o Festival Internacional Sesc de Música. Esta é uma composição musical de Mathias Behrends Pinto, que homenageia Pelotas e suas pessoas. A peça é composta por oito movimentos, cada um fazendo referência a lugares simbólicos da cidade, como o Mercado Público, a Lagoa dos Patos, o próprio Theatro Guarany, o Café Aquários, o Bar Liberdade, os jardins da Baronesa, o Theatro Sete de Abril e o Porto. O compositor e violonista de Porto Alegre é licenciado em música e pós-graduado em educação musical. Ele lançou vários discos, participou de festivais internacionais e é coordenador de projetos musicais e educacionais.
O que inspirou você a criar a Suíte Pelotas e como foi o processo de composição?
Esta é uma música regional de choro e orquestra. O processo de composição dessa música começou no Festival do Sesc 2024. Quando finalizado o festival, comecei a ter a ideia desta suíte inspirada na cidade de Pelotas, nos seus recantos e no seu povo. Foram criadas oito músicas inspiradas em lugares icônicos da cidade que eu frequento há muitos anos e a partir disso, veio a inspiração para a criação da peça. Começou a ser feita aqui em Pelotas, foi feita também no Cassino e trabalhada durante o ano de 2024 para subir ao palco no ano de 2025. A principal inspiração para essa peça, sem dúvida, são as pessoas da cidade de Pelotas.
Quais são os elementos culturais e históricos de Pelotas que você quis destacar em cada movimento?
A peça tem inspiração na maneira com que a cidade lida com o passado e com o futuro. A convivência entre os elementos históricos da cidade com o contemporâneo, para mim, é um destaque. O jeito que a cidade convive com o seu passado e os elementos trazidos aos dias de hoje. Então, elementos como o Theatro Sete de Abril e sua luta para voltar à ativa como um dos teatros mais antigos do Brasil; o mercado público também sendo, se não o mais antigo, um dos mais antigos do país. Esses elementos culturais e arquitetônicos de grande valia que convivem com os dias de hoje.
Qual foi a reação do público na estreia da peça no Teatro Guarany?
Para mim é uma felicidade imensa ver que o público se emocionou muito — e esse foi o relato de muitas pessoas que vieram até mim — com a peça. Se identificaram e se emocionaram ao ver cada um dos movimentos da peça que indicavam locais da cidade, e a participação do público durante a peça foi algo bem diferenciado, acima do que eu esperava. Essa identificação mostra que a peça realmente tocou o coração das pessoas no Theatro Guarany lotado.
Como você consegue organizar sua carreira como compositor e professor?
Minha prioridade sempre foi a carreira de compositor. É algo que faço desde adolescente, ininterruptamente. É uma carreira que nunca para, um trabalho diário de muita dedicação. Já tenho dois discos lançados, participação em diversos discos de artistas. A minha atuação como acompanhador no violão sete cordas também já me levou para diversos locais do mundo. A atividade como professor é a minha missão dentro da música, pois eu luto diariamente pela divulgação e preservação do patrimônio histórico e imaterial que é o choro. Por isso, minha dedicação como professor também é diária, hoje em dia trabalhando com crianças e adolescentes, voltando meus olhos ao público jovem para continuidade dessas músicas.