Chuva causa prejuízo superior a R$ 52 milhões em Santa Vitória do Palmar
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quinta-Feira30 de Janeiro de 2025

Clima extremo

Chuva causa prejuízo superior a R$ 52 milhões em Santa Vitória do Palmar

Impacto severo provocou danos principalmente ao desenvolvimento de bovinos e ovinos, assim como na perda de lavouras de soja

Por

Atualizado quarta-feira,
29 de Janeiro de 2025 às 09:19

Chuva causa prejuízo superior a R$ 52 milhões em Santa Vitória do Palmar
Campos inundados diminuem a oferta de pastagem para o gado. (Foto: Divulgação)

A chuva extraordinária de 419 milímetros, que atingiu a zona rural de Santa Vitória do Palmar na última semana, deixou lavouras completamente inundadas por vários dias e prejuízos estimados em mais de R$ 52 milhões. De acordo com o levantamento da Emater, cerca de 105 mil hectares foram atingidos. As maiores perdas de produtividade foram registradas na bovino e ovinocultura, assim como nas plantações de soja.

O volume de precipitação registrado entre os dias 21 e 22 superou mais de quatro vezes a média mensal de 99 milímetros. O evento ocorreu após um período de estiagem, resultando em impactos severos nas culturas agrícolas, nas criações animais e na infraestrutura produtiva local. Seis dias depois ainda há áreas que não podem ser acessadas devido aos estragos causados nas estradas.

Soja

“Não conseguimos levantar corretamente toda área perdida, sábado choveu mais 25 milímetros e tínhamos muita água nas lavouras de soja”, relata Dilnei Portantiolo. O produtor de soja e arroz na localidade do Curral Alto estima ter perdido 20% de área plantada do grão, cerca de 300 hectares. “Minha estimativa é deixar de comercializar 20 mil sacos de soja que hoje a R$ 135,00 daria R$ 2,7 milhões”, calcula.

Conforme o laudo circunstanciado da Emater, foram mais de 1,1 mil hectares de soja perdida e um prejuízo de R$ 7,2 milhões. Para 2025, foram semeadas uma área de 39.770 hectares do grão, uma redução de 12.219 hectares em relação ao ano passado devido à estiagem iniciada em novembro de 2024.

Bovino e ovino

Duas das culturas mais atingidas, os danos na produtividade dos ovinos e bovinos de corte são estimados em mais de R$ 40 milhões. Com os campos inundados e a indisponibilidade de pastagens, os rebanhos apresentam perda de peso, piora na condição sanitária e nutricional, além de sofrerem estresse devido ao excesso de água e à alimentação insuficiente.

Um dos extensionistas da Emater responsável por fazer o laudo de perdas, Fernando Luiz Horn relata que em vários locais o rebanho passou dias isolado. “Os animais passaram uma semana comendo de 10% a 20% do volume que precisam ingerir de pasto, então emagreceram muito”. O município possui um rebanho de 170.547 cabeças de bovinos e 38.825 cabeças de ovinos.

Impactos

O produtor Dilnei Portantiolo estima de dois a três anos o período necessário para recuperar os prejuízos financeiros na lavoura de soja. Já o extensionista da Emater relata um impacto duradouro, pois em razão das mudanças climáticas, parte dos produtores estão abandonando o cultivo do grão na região. “Simplesmente estão desistindo da lavoura de soja, eles acham que não vale a pena o risco”.

A curto prazo, o efeito será sentido no bolso com o aumento do preço dos produtos primários diante da menor disponibilidade de produção. Além da falta de lucro e de recursos para o investimento na próxima safra. “Impacta a cadeia [produtiva], impacta a estrutura e a tomada de decisão se vai plantar de novo ou não”, diz Horn.

Acompanhe
nossas
redes sociais