Um cortejo pelas principais ruas de Pelotas, com início às 18h desta segunda-feira (20), no Mercado Central, marca o começo de mais uma edição do Festival Internacional Sesc de Música. Serão 11 dias para respirar a arte dos acordes de diferentes instrumentos e nacionalidades em uma conexão de arte, cultura e conhecimento.
Já são 13 edições que se consolidam a cada evento e torna a Princesa do Sul a capital latino americana da música de concerto. A partir desta segunda, os ruídos sonoros das ruas do centro se mesclam com acordes harmônicos que variam do erudito ao popular em um convite especial à interação com essa arte.
Para esta edição, 350 jovens músicos alunos de 19 estados e 50 professores foram selecionados para participarem de estudos, trocas de experiências e apresentações em lugares históricos da cidade como teatros, praças, igrejas, Mercado Público e praia do Laranjal, com acesso gratuito ao público. Um desses espaços será o Conservatório de Música, que abraça a cada ano mais e mais estudantes do Brasil na Faculdade de Música da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
“Estamos juntos desde a primeira edição e a importância do Festival para a cidade de Pelotas é sem tamanho. É uma oportunidade de troca com pessoas que vêm de todos os lugares do país, multiculturalismo vibrante”, diz a reitora Úrsula Rosa da Silva. Para a instituição de ensino, o evento representa a vivência da música de muitas formas, por integrar estudantes de outros cursos como voluntários. “É importante ainda na formação de público, é um espaço de apreciação e de aprendizagem”, considera. Para a reitora, cada edição traz algo inovador que amplia os horizontes para a vida cultural, artística e musical. “Esperamos que Pelotas possa ser sempre este berço e viveiro do Festival”.
Após o cortejo, o evento segue para o Theatro Guarany com a abertura oficial, às 20h30min, na presença do concerto da Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo. Com regência de Linus Lerner, o grupo apresentará obras de Otto Schwarz, maestro Duda, Symphonic Overture de James Barnes e Rhapsody in Blue, de George Gershwin. O repertório diversificado une influências europeias, brasileiras e norte-americanas, proporcionando uma experiência sonora rica e envolvente. Haverá transmissão ao vivo pelo YouTube do Sesc/RS e tradução em Libras.
Proposta
Ao longo dos 11 dias, o projeto realizado pelo Sistema Fecomércio-RS/Sesc, promove cursos de especialização musical conduzidos por professores músicos que compartilham seus conhecimentos com jovens alunos bolsistas. Na composição dessa grande escola estão mestres e alunos do Brasil e do Distrito Federal, Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Porto Rico e Uruguai. “Serão dias intensos e especiais para todos que aguardam o Festival”, exalta o presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc, Luiz Carlos Bohn.
O diretor artístico do Festival, maestro Evandro Matté, diz que o diferencial será o de priorizar o aluno. “Esses festivais são estruturados com o intuito de formação pedagógica dos alunos para que tenham realmente a oportunidade de ter muitas aulas, com professores de altíssimo nível, em tempos difíceis de investimentos em transporte, hospedagem, bolsa”, avalia. O diretor destaca ainda que o evento é o único com estrutura permanente de música de câmara de professores, que é organizada previamente em outubro. A diversidade é outro ponto alto.
Apoio
O presidente do Sistema Fecomércio lembra ainda que esta é a hora de valorizar e investir na cultura do Estado. “E isso é possível graças ao olhar dos empresários do comércio de bens, serviços e turismo do Rio Grande do Sul, que contribuem ativamente para todas as ações do Sistema”, pontua Bohn. O presidente da Aliança Pelotas, Jorge Almeida, diz que o Festival promove Pelotas a nível internacional. “É importante para a cultura e o turismo e, por isso, precisamos agilizar a recuperação do Theatro Sete de Abril e de outros espaços públicos e privados, a fim de que o evento possa se solidificar e crescer”, comenta.
Oportunidades
Entre os alunos selecionados, a maioria é bolsista integral e ganham auxílio em transporte, hospedagem e alimentação. Maria Paula Afanador Martinez, 18, vem de Salvador, Bahia. Ela toca oboé e será a primeira vez participando deste festival. “Para mim está sendo uma experiência inovadora por poder conhecer uma cidade nova, pessoas novas e ter aula com professores que sempre sonhei”.
Philipe Augusto, 20, é trombonista baixo em Aparecida de Goiânia, Goiás. Ele também é estreante. “Tenho colegas que já vieram e me indicaram por ser um local de aprendizado e de experiência incrível. Estou com as expectativas muito altas com todas as experiências do festival. Espero aprender muito com os professores e também com meus colegas”, projeta.
“Vindo de um bairro da periferia em Itu, participar de um evento com professores e alunos de altíssimo nível é uma grande conquista e uma oportunidade única de crescimento e realização”, afirma o contrabaixista Wesley Leandro, 19, de Itu, São Paulo.
O chileno Andrés Yiro Robles Pereira, 20, mora em Coquimbo e vai participar pela primeira vez do festival. Ser selecionado para o festival foi algo grandioso e emocionante. O trompetista diz que sua intenção é aprender o máximo que puder com os professores de renome internacional. “Acredito que esse momento será de grande importância na minha carreira musical e como trompetista e, claro, terá um valor mais que acadêmico, emocional.”
Programação
Entre os destaques do Festival Sesc de Música estão as apresentações do “Sul em Concerto”, um tributo à resiliência e ao espírito de união do povo gaúcho após o triste episódio vivido pelo Estado em 2024 em função das enchentes. A orquestra, conduzida por Evandro Matté, estará no palco do Laranjal, região que sofreu com alagamentos. No repertório, grandes canções da música gaúcha e de suas influências latinas, como “Céu, Sol, Sul, Terra e Cor”, “Merceditas” e “Castelhana”. O show conta com a participação especial de Loma Pereira, Daniel Torres e Shana Müller, três grandes vozes do Estado.
A orquestra uruguaia “La Ventolera” fará apresentações no Theatro Guarany e de um espetáculo na Charqueada São João, casa construída em 1810 e reconhecida como Patrimônio Nacional pelo Iphan. O conjunto mescla a música instrumental com o tambor de candombe. Para esses eventos a entrada é gratuita, mas é necessário retirar ingressos.