“O mais desafiador foi identificar qual o veneno existente no bolo”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quarta-Feira5 de Fevereiro de 2025

Abre aspas

“O mais desafiador foi identificar qual o veneno existente no bolo”

O pelotense Paulo Barragan é perito médico-legista e atuou no caso do bolo envenenado em Osório

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“O mais desafiador foi identificar qual o veneno existente no bolo”
Paulo Barragan é diretor do Departamento de Perícias do Interior do Instituto-Geral de Perícias. (Foto: Divulgação)

Nascido e criado em Pelotas, Paulo Barragan é um perito médico-legista que há dois anos foi nomeado diretor do Departamento de Perícias do Interior (DPI) do Instituto-Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul. Ele foi o primeiro legista a assumir a coordenação deste departamento, que centraliza a coordenação dos Postos de Identificação, Médico-Legal e de Criminalística de muitos municípios do interior. Recentemente, Barragan participou do caso do bolo envenenado de Torres, em que acompanhou os processos de necropsias e exumação.

Como funciona o seu trabalho dentro do IGP?

O Instituto Geral de Perícias é um órgão autônomo diretamente subordinado à Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado do Rio Grande do Sul. É formado por peritos criminais de diversas áreas, peritos médico-legistas, papiloscopistas, fotógrafos, técnicos em perícias e servidores administrativos. Todos executam funções muito importantes para a realização das múltiplas perícias que são realizadas.

Durante a investigação do caso do bolo envenenado de Torres, qual foi o aspecto mais desafiador para a perícia?

O aspecto mais desafiador neste caso foi conseguirmos comprovar e identificar qual teria sido o veneno existente no bolo dentre a grande gama de drogas testadas. Para isto, todas as amostras coletadas durante a necropsia das vítimas são enviadas para o nosso laboratório, onde são submetidas a vários tipos de análises. Todas as análises laboratoriais, acrescentadas ao laudo necroscópico, fornecem provas técnicas robustas para que o delegado possa conduzir o inquérito policial.

Como o senhor enxerga o futuro da perícia criminal no interior do Rio Grande do Sul?

Além de contar com um quadro de peritos extremamente qualificado, cada vez mais a perícia gaúcha vem incorporando novas técnicas e novos equipamentos capazes de fornecer resultados cada vez mais rápidos e precisos. Hoje somos uma grande equipe multidisciplinar, seguramente uma das mais qualificadas de todo o Brasil, o que muito nos orgulha.

Existe um caso específico que o senhor acompanhou ao longo de sua carreira que o marcou?

Nunca um caso é igual a outro, mesmo que possa até parecer o contrário; existem os casos mais “simples” e outros mais complexos, o que sempre demanda uma grande atenção por parte dos peritos. Como casos marcantes que acompanhei, cito os casos de envenenamento que são um dos maiores desafios para a perícia devido a sua complexidade, assim como os casos de desastres em massa como os que enfrentamos nestes últimos anos (as grandes enchentes e a queda do avião em Gramado) onde equipes multidisciplinares, cada uma desempenhando sua função, desempenharam essencial papel para alcançar um resultado de excelência.

Como esses casos influenciam sua visão sobre o papel do perito médico-legista na justiça?

Os laudos das perícias médico-legais, tanto em vivos como em mortos, materializam lesões decorrentes de um fato alegado ou comprovam a morte de uma vítima de possível causa violenta. Os laudos produzidos pelos peritos médico-legistas são provas basilares para o andamento das investigações policiais e, posteriormente, para todos os processos judiciais que venham a ser instaurados.

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