Emanuel dos Santos é professor da rede estadual de ensino, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Artes, do Centro de Artes da UFPel na linha de Educação em Artes e Processos de Formação Estética. Já participou de exposições coletivas como Protagonismo Negro Através das Imagens e Lojas Africanas Territórios de Afeto, ministrou e idealizou o projeto de extensão Curso de Desenho Digital UFPel, ministrou oficinas de graffiti e desenho digital para escolas públicas em Cerrito, Pelotas e Pedro Osório. Além disso, ele é pesquisador de Photographein – Núcleo de Pesquisa em Fotografia e Educação da UFPel.
O que o motivou a seguir carreira na educação em artes?
Na verdade, eu não esperava seguir esse caminho. Quando entrei na universidade, estava muito focado na música. Minha intenção era tocar, não pensava em ser professor. No entanto, não consegui entrar para música e acabei ingressando em Artes Visuais e Licenciatura. Foi ali que me reconectei com o desenho, uma prática que eu já fazia antes de começar a tocar. Entrar na universidade reacendeu essa paixão pelo desenho e pelas artes visuais. Como já estava trilhando esse caminho e gostando do que fazia, decidi seguir em frente e me tornar arte-educador. Comecei a participar de processos seletivos, e consegui uma vaga para dar aulas em Piratini. Esse foi o momento em que realmente me vi consolidando minha carreira como professor.
Como foi a experiência de participar das exposições?
Quando comecei a considerar a arte como uma profissão, minha perspectiva era que o ideal seria conseguir viver da minha produção artística, no qual as pessoas pudessem se identificar e que fosse também prazeroso para mim. Participar de exposições me permite essa comunicação genuína, conectando-me com pessoas que compartilham uma perspectiva similar. Traz uma sensação de gratidão e conexão, tanto com o público quanto com outros artistas. Essas oportunidades ajudam a fomentar o movimento artístico, pois acredito que, sem o contato com o público, a arte perde um pouco do seu sentido. A arte precisa se comunicar e estabelecer um diálogo com as pessoas.
Quais foram os maiores desafios e aprendizados ao ministrar oficinas em escolas públicas?
É sempre um desafio. Na minha experiência no colégio, percebo que disciplinas como artes e educação física são mais aceitas pelas crianças, pois oferecem uma alternativa ao modelo mais conteudista de ensino. Essas disciplinas já têm uma receptividade maior, mas o desafio está em incentivar os alunos a criarem suas próprias coisas, como um desenho ou um grafite. Os estudantes estão acostumados com professores que dizem o que fazer, especialmente os adolescentes. Quando o professor permite que eles escolham o que querem criar, essa liberdade pode gerar confusão, porque desenhar envolve uma série de escolhas. Com o papel em branco, o aluno deve decidir o que vai desenhar. O processo criativo é, essencialmente, um processo de escolhas.
Como sua pesquisa no Photographein tem influenciado no seu trabalho?
A pesquisa permite um momento de reflexão, onde posso analisar minha prática e compará-la com a de outras pessoas, especialmente no contexto educacional. Isso me ajuda a me familiarizar melhor com o que estou fazendo. No Photographein, discutimos muito sobre as funções da fotografia, o significado das imagens, sua reprodução e o impacto no ambiente social. Esses debates ampliam o meu repertório e me ajudam a refletir sobre meu público, minha prática, e como abordá-la. Além disso, os eventos do Photographein me permitem atuar como grafiteiro e escritor de grafite, integrando essas experiências ao grupo.